
A JAC Motors trilhou um caminho diferente nos últimos anos, apostando suas fichas na eletrificação plena, atuando desde automóveis até caminhões elétricos.
Mas, o agronegócio não tem disso… Vislumbrando estes clientes, a chinesa “retrocedeu” e veio com diesel a bordo da JAC Hunter, sua picape média tradicional que vem para somar ao segmento.
Custando R$ 264.990, a versão topo de linha HDX revela características interessantes dessa picape chinesa que, sinceramente, inicialmente não passou boa impressão.
Detalhes nos remetem ao passado, mas seus atributos equilibram a balança.
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Com motor turbo diesel 2.0 de 191 cavalos e câmbio de oito marchas, além da obrigatória tração 4×4 com reduzida, a JAC Hunter está dentro do esperado, embora sua capacidade de carga elevada a coloque em destaque técnico.
Vale? Pergunta difícil, mas vamos ver…
Estilo mesclado
A JAC Hunter não é um projeto recente e isso fica evidente nas formas de sua carroceria, relembrando antigos projetos chineses de quase 15 anos, mas é um demérito? Depende…
Tem picape por aí com 13 anos que seguirá por mais alguns ainda e ninguém reclama.
Embora as portas sejam pequenas e sem linhas ousadas, bem como a caçamba rasa, apesar de larga, a Hunter tem uma frente bem expressiva, com a sigla em letras garrafais, mas aceitável. Faróis de LED e luzes diurnas separados criam um visual esportivo.
A cara ousada tem para-choque que se conecta ao resto do carro por saias envolventes, especialmente na traseira, que se conectam para o protetor com refletores e luzes de ré.
As lanternas em LED verticais são aceitáveis, com JAC em baixo relevo na tampa e santantônio customizado. Já as rodas diamantadas aro 18 polegadas com pneus 265/60 R18 são bonitas, com cromados nos devidos lugares para valorizar o produto. Tem também teto solar.
Já no interior, a JAC Hunter segue o estilo da Ford F-150 sem cerimônias em seu painel, sendo até interessante, mas o volante destoa do conjunto, já que poderia ter quatro raios e mais parrudez visual.

A tela vertical de multimídia é boa, com 13 polegadas e um sistema simples, mas o Android Auto somente por cabo é um demérito. Há monitoramento em 360 graus, o que é bom. Já o cluster digital simples tem duas opções de visualização e não impressiona, mas cumpre a função.
Esse layout digital da JAC já está cansado, ainda remetendo aos carros chineses pré-pandemia. Não é culpa só da JAC, pois BYD e Caoa Chery também deslizaram pelo mesmo estilo datado e, por vezes, complexo.
O acabamento, todavia, está melhor que o esperado, com bancos confortáveis e revestimentos mais bem colocados. Volumosos e com couro trançado, os assentos não poderiam ser menos que isso, mas não pela proposta. A JAC nos traz bancos bons desde o T40.
Há couro também nas portas e detalhes prateados no console e nas entradas, que mostram o esforço em agradar. Ela tem apoio de braço traseiro, saídas de ar e um túnel frontal com carregador indutivo.
O seletor de tração é giratório, mas a Hunter não poupa despesas com freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold e os modos de tração: Eco, Normal, Sport e Snow. O ar-condicionado é bom e o porta-luvas tem um suporte de documentos iluminado…
No geral, o espaço interno é mediano e dentro da categoria, assim como sua área envidraçada. Já a caçamba de 1.135 kg é rasa, mas tem capota marítima.
A tampa é leve e os 1.400 kg de carga, só imaginando o que pese tanto…
Desempenho suficiente
A JAC Hunter pode não comover visualmente, mas seu conjunto motriz agrada pela resposta. A picape média conta com um propulsor 2.0 litros com turbo e injeção direta, entregando 191 cavalos a 3.600 rpm e 46,9 kgfm a 1.500 rpm.
Os números a deixam no segundo pelotão de força das picapes médias a diesel, aquelas com chassi de longarinas, é claro… Ele não se mostra um motor exigente em rotação, exibindo boa força em baixa para evitar gritaria.
É nesse aspecto que esse 2.0 parece maior do que realmente é em volume, dando assim outra impressão, essa positiva, desse conjunto. Já a transmissão automática de oito marchas não tem do que falar. Trata-se de ZF 8HP e essa você já conhece bem…
Nas saídas, o propulsor da JAC é vigoroso e enche bem, respondendo de forma agradável e mostrando que usa bem seu torque para dar disposição. O câmbio ZF ajuda muito nisso, explorando essa característica.
Apenas se exigir demais numa saída é que o ronco se eleva um pouco mais, mas nada que não se perceba em motores maiores. Parece um propulsor 2.5 ou 2.8 reduzido para 2.0… Trabalhando na casa dos 2.000 rpm, a JAC Hunter vai para onde quiser sem esforço.
No modo Eco, a falta de energia é pouco percebida, enquanto o Normal traz a esperteza que a destaca, enquanto o Sport parece um pouco demais para as pretensões dela, já que vai de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos.
Nem se precisa disso para ter uma condução agradável, com retomadas pontuais e ultrapassagens sem exigências como reduções exageradas e giros elevados demais. A Hunter reage como deve uma picape diesel tradicional.
Em relação ao consumo, na cidade fez 10,1 km/l, enquanto na estrada, a 80 km/h, fez 14,3 km/l, com 13,2 km/l a 100 km/h e 12,1 km/l a 120 km/h. Está bom e com 80 litros no tanque, garante ótima autonomia.

Na estrada, com giro pouco abaixo de 2.000 rpm, ela exibe um comportamento bom, com nível de ruído aceitável, exceto pelo ruído de vento na carroceria. A direção eletro-hidráulica pode ser configurada para mais firme ou leve.
Os freios são aceitáveis com discos nas quatro rodas, enquanto a suspensão mostra o tempo de casa que a JAC tem de Brasil, algo que não se percebe nas chinesas que chegaram recentemente, em termos de picape.
Firme, mantém a frente alinhada no asfalto e fora dele, assim como a traseira com feixes de molas bem calibrados, que deixam o conjunto menos suscetível a saltos, ainda que a traseira deslize um pouco, o que é natural nesse tipo de conjunto.
O sistema de tração 4×4 é bom e cumpre sua tarefa de distribuir com moderação a força do conjunto em terrenos bem ruins, sem surpresas ou invenções, como o cliente de picape gosta.
Mas, a JAC Hunter peca em não ter quase nada de ADAS, com exceção de um sensor de ponto cego. Para quem liga para assistência ao condutor, essa picape passa longe disso e novamente nos remete ao passado, sem saudosismo…
Valor competitivo
Por sua proposta, a JAC Hunter HDX deveria ser mais bem equipada, especialmente em itens de segurança ativa, como um ADAS mais condizente. Controle de cruzeiro simples e alerta de ponto cego são insuficientes diante da concorrência.
Nota-se claramente que a proposta é similar à de picapes de uma década atrás, com poucos itens como exceções. A Hunter está numa faixa de preço “menos perigosa”, com players de peso custando bem acima, mas ainda precisa mostrar mais, ainda quando potenciais clientes falam de futuro…
Sim, o “lá na frente, quando eu for vender”, preocupa. Apesar da JAC Motors estar aqui há 15 anos, a desvalorização de seus carros, com algumas exceções nos elétricos, não é novidade. É verdade, de fato, que veículos diesel perdem menos valor e, se o pensamento seguir essa métrica, então não há o que temer.
Mas, de volta à concorrência, a JAC Hunter até tem sossego em preço, apenas com a Ranger Black, sendo 4×2 e com seis marchas, além de menos potente, surge como uma pedra no caminho.

Ela e as demais subiram. A Titano é menos completa na Volcano, mas aí vem a GWM Poer P30 e acaba com a conversa… Pelo menos em preço.
Mas, esta, não recomendamos, porque, diferente das demais, não andamos e não há previsão (deles) para isso.
Assim, a Hunter vale mais, especialmente pelo tempo de casa, o que de fato é uma garantia maior de confiança na marca. Já o produto é uma aposta para o futuro. Vale? Pelo que vimos, por ora, sim.
JAC Hunter HDX 2025 – Galeria de fotos
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