A Jeep continua a reinar no Brasil, uma terra onde SUVs são adorados como o pão de queijo no café da manhã. E isso é ainda mais impressionante quando vemos que seus modelos mais vendidos estão na casa dos R$ 200 mil.
Ainda que o Commander seja mais caro e esteja longe das vendas de seus irmãos menores, o utilitário é um dos preferidos de famílias que precisam de mais espaço no porta-malas ou dos sete lugares.
E é aí que entra a versão Longitude, que oferece tudo isso por um preço menor do que o Compass topo de linha.
Nossa avaliação levou alguns dias e exatos 1.000 km em uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Curitiba, mas foi o suficiente para deixar claro que esse pode ser o melhor Jeep para sua garagem e sua família.
Um motor justo e nada mais
A viagem foi relativamente tranquila, apesar dos perigos históricos da BR-116.
Isso permitiu que o foco ficasse com o Commander Longitude, que estava equipado com o pacote opcional de R$ 9 mil que incluía a terceira fileira de bancos e regulagens elétricas para o banco do motorista. Atualmente, essa configuração totaliza R$ 236.990.
O restante da linha ainda tem as versões Limited (R$ 253.990) e Overland (R$ 276.990) com o motor 1.3 turbo, a opção Overland Diesel 4×4 (R$ 309.990) e as mais caras Overland Hurricane (R$ 318.990) e Blackhawk Hurricane (R$ 335.990), ambas 4×4 e com motor 2.0 turbo.
Aqui já ficou claro uma coisa: mesmo que a versão Longitude não tenha sete lugares como item de série, a grande maioria dos compradores deve optar pelo adicional.
Afinal, não faz muito sentido posteriormente ter que vender esse carro com apenas cinco lugares (muitos compradores talvez nem imaginem que essa versão exista).
Com tantos lugares disponíveis, cada ocupante do Commander pode ter uma visão diferente dos acertos e erros desse SUV, então vamos começar do ponto de vista do motorista.
Para o condutor, a viagem com o Commander Longitude é muito prazerosa, mostrando que a estrada é seu lugar ideal. A versão cedida para essa avaliação ainda tinha o motor 1.3 turbo de 180/185 cv e 27,5 kgfm.
Atualmente, esse motor teve sua potência reduzida para 176 cv com gasolina e etanol, para cumprir as novas normas de emissões do Proconve L8.
As ultrapassagens e retomadas são feitas sem dificuldade, mesmo levando 1.685 kg. O que sentimos é que o Commander não esbanja potência, como é visto nas versões Hurricane, mas ele também não faz feio na estrada.
Por outro lado, isso muda um pouco nos trechos urbanos, onde o tamanho e o peso do SUV aparecem com mais facilidade em qualquer aceleração.
Falando um pouco sobre o consumo, registramos uma excelente média de 13 km/l com gasolina na estrada, enquanto na cidade não chegamos a 8 km/l.
Depois de abastecê-lo com etanol, a média urbana ainda ficou próxima de 7 km/l, o que está de acordo com o divulgado pela marca. Já na estrada, chegamos a 9 km/l com esse combustível.
Conforto e tecnologia de série
Ainda do ponto de vista do motorista, podemos citar diversas outras qualidades desse modelo. E o motivo disso é que essa versão de entrada não ficou sem equipamentos importantes para justificar o preço mais baixo.
Pelo contrário, aqui a Jeep foi generosa e deu (quase) tudo que o SUV tinha direito.
Ainda que o uso de algumas tecnologias, como o assistente de direção com centralizador de faixa ou o piloto automático adaptativo sejam de gosto pessoal, temos que admitir que eles funcionam muito bem em conjunto.
O primeiro faz um ótimo papel ao manter o carro dentro da faixa, enquanto o outro torna a viagem bem mais prazerosa por manter a velocidade escolhida, inclusive diminuindo automaticamente quando o veículo à frente faz o mesmo.
Quando o carro mais lento abre espaço, o Commander rapidamente retoma a velocidade programada. E aqui temos uma ressalva: o SUV faz isso com bastante vigor, o que afeta a média de consumo com essas constantes acelerações mais fortes.
A posição de dirigir também agrada, pois temos ajustes elétricos (que também aparecem no banco do passageiro em versões mais caras) e comandos de fácil acesso. Mesmo que você nunca tenha dirigido um Jeep, vai achar tudo muito intuitivo e fácil de entender.
Até mesmo os comandos do rádio, que ficam atrás do volante, parecem fazer sentido.
Outros pontos fortes do Commander são a boa iluminação dos faróis full LED, a ótima central multimídia (com Apple Carplay e Android Auto sem fio), o painel digital e suas muitas configurações e a excelente qualidade da câmera de ré, o que ajuda qualquer motorista a ficar tranquilo nas manobras com esse carro de quase 4,77 metros de comprimento.
E o que não gostamos? Do ponto de vista do motorista, o uso do Commander em cidades grandes e suas faixas estreitas pode ser um desafio, enquanto a visão traseira também é prejudicada quando a terceira fileira está em uso.
Dependendo do condutor, o aviso de saída de faixa e o start/stop também incomodam, mas esses auxílios podem ser desativados.
Passageiros felizes
Mudando para a posição de um passageiro, a vida dentro do SUV continua sendo muito boa. O conforto é um dos principais destaques, ainda que o banco do passageiro dianteiro pudesse ter um assento mais largo.
Numa viagem um pouco mais longa, a borda lateral incomoda um pouco.
Existem porta-objetos para todos os lados e eles são bem generosos no espaço.
O console central, por exemplo, tem nichos com interior emborrachado para acomodar melhor latas ou garrafas, e o compartimento à frente do câmbio é surpreendentemente fundo.
Infelizmente, essa versão perdeu o carregador por indução, que ficaria exatamente ali.
Outro destaque é a qualidade dos materiais, que elevam ainda mais o nível de sofisticação desse modelo, mesmo numa versão de entrada. Nas configurações mais caras, você ainda encontra bancos premium em couro e suede na cor preta ou marrom.
O conforto continua na segunda fileira, que mostra claramente o principal benefício de um SUV com quase 2,80 m de entre-eixos.
O espaço para as pernas é amplo e os bancos são bem confortáveis, com deslocamento longitudinal de 14 cm e regulagem do encosto, que pode ser reclinado. Ali os passageiros ainda têm saída independente do ar-condicionado e entradas USB.
Nossa viagem foi feita com os últimos bancos recolhidos e o porta-malas cheio, além de quatro adultos no carro.
Todas as malas (e eram muitas) já tinham ocupado quase todo o porta-malas de um sedã médio que usamos para buscar o Commander, e também usaram 100% do bagageiro do Jeep, que possui capacidade divulgada de 233 litros (com 7 lugares) a 661 litros (5 lugares).
Como esse aspecto do carro é importante para uma família em longas viagens, vale destacar que a abertura e fechamento do porta-malas é elétrica nessa versão de entrada.
Além disso, o modelo possui espaços adicionais nas laterais para pequenos objetos e iluminação em LED dos dois lados.
Se você optar por usar as três fileiras, vai ter que se contentar com um espaço bem reduzido de “porta-malas”, suficiente apenas para bolsas menores ou mochilas.
E o que dizer do uso desses últimos assentos?
O site da marca ressalta que “o Jeep Commander comporta de maneira confortável até 7 adultos”, mas isso simplesmente não é verdade.
O espaço da terceira fileira é muito reduzido, levando apenas crianças com o conforto citado pela montadora, e acessá-lo também exige uma boa dose de disposição.
O Commander Longitude vale a pena?
Se você busca um SUV nesse segmento, o Commander Longitude pode ser uma escolha bem racional.
Mesmo sendo a versão mais acessível da linha, ele é muito bem equipado e traz tudo que uma família precisa no dia a dia.
Outro argumento a seu favor é o preço final de R$ 236.990 com o opcional da terceira fileira de assentos, deixando o modelo abaixo do Compass Série S (R$ 247.990) ou até mesmo do Compass Limited com teto panorâmico (R$ 237.990).
Aqui você conta com um SUV mais espaçoso, bem equipado e com equipamentos que seu irmão menor na configuração Limited não tem, como sensores dianteiros, assistente de estacionamento, tampa do porta-malas com abertura elétrica e, é claro, os sete lugares.
Ficha técnica – Jeep Commander Longitude
Motor: dianteiro, transversal, 1.332 cm3, quatro cilindros, 16 válvulas, flex
Potência: 180 cavalos com gasolina e 185 cavalos com etanol, ambos a 5.750 rpm
Torque: 27,5 kgfm com gasolina e etanol, ambos a 1.750 rpm
Transmissão: automática de 6 marchas
Tração: dianteira
Suspensão: independente McPherson na dianteira e traseira
Rodas e pneus: liga leve aro 18 com pneus 235/55
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Peso: 1.685 kg
Dimensões: 4,77 metros de comprimento, 1,86 metro de largura, 1,68 metro de altura, 2,79 metros de entre-eixos e 20,9 centímetros de altura livre em relação ao solo
Tanque de combustível: 61 litros
Porta-malas: 233 litros (7 lugares), 661 litros (5 lugares) e 1.760 litros (segunda fileira rebatida)
Preço: R$ 236.990 (como testado)
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