O mercado de comerciais leves tem recebido bem a eletrificação, com clientes exigindo cada vez mais a emissão zero para o transporte de seus produtos. Nesse foco, a Mercedes-Benz eSprinter entra para se destacar.
A versão 100% elétrica de uma das vans mais vendidas do país surge para atender as demandas de encomendas e cargas leves no meio urbano, onde a redução de emissões se faz necessária.
Custando R$ 489.900, mais cara em alguns Estados, a Mercedes-Benz eSprinter em sua versão furgão 320 com bateria menor, se apoia na experiência da marca e na tecnologia para oferecer versatilidade com pegada ecológica.
Tendo boa potência e autonomia pequena, a eSprinter 320 é o ponto de partida da gama, que tem ainda versões furgão vidrado e chassi-cabine, com PBT de 3,5 t e 4,25 t.
Disfarça bem
Olhando para a Mercedes-Benz eSprinter, quase nada indica que a tradicional van diesel da marca alemã é, na verdade, um veículo elétrico. Aliás, muito mais que uma simples conversão…
A frente com o design mais recente esconde, atrás do logo da estrela, o plugue de recarga do veículo. A enorme grade não é falsa, já que o sistema de refrigeração da bateria fica logo atrás.
Bom, sobre o pequeno capô, sim, as saídas de ar superiores são somente decorativas, ajudando a disfarçar bem essa Sprinter elétrica.
Estranha mesmo é a portinhola do tanque de diesel, que pode ser aberta, para decepção do frentista, já que não há nada ali, além de chapa. O logo “Electric” é o único a revelar a propulsão.
Com faróis de LED, luzes diurnas em LED, faróis de neblina e lanternas grandes, a eSprinter tem visual como a versão diesel, com rodas de aço, degrau traseiro e portas versáteis. Alta, tem bons espelhos retrovisores e boa área envidraçada.
Dentro, o ambiente confortável para o motorista apresenta cluster analógico no melhor estilo alemão, mas com display com dados de energia. Já a multimídia MBUX de 10,25 polegadas é intuitiva e bem prática.
Ela tem dados de consumo de energia e inclinação do veículo, além de câmera de ré e ajustes do veículo. Os modos de condução Comfort, Economic e Maximum Range ficam junto ao botão de partida.
O volante multifuncional é semelhante ao dos carros, mas não é touch como parece. Ela possui paddle shifts, mas estes permitem aumentar o freio-motor para regeneração (-) ou liberá-lo (+).
Com transmissão em haste na coluna de direção, a eSprinter dispensa também o freio de mão mecânico, tendo um eletrônico na mesma posição dos carros da marca, ou seja, no lado esquerdo.
A coluna de direção tem bons ajustes, assim como o volante. Com retrovisores elétricos e convexos, além de rebatimento elétrico e desembaçador, o furgão conta ainda com aquecimento do assento do motorista e bons porta-copos.
Há baús sob os dois assentos no lado direito do veículo, bem como porta-malas e espaços na parte superior da cabine, com luzes e um visual semelhante ao dos carros da Mercedes-Benz.
Existem mais espaços com tampa sobre o painel, inclusive com entradas USB-C, bem como ar condicionado digital. Falta mesmo um apoio de braço retrátil para o motorista, mas há uma explicação…
Já o baú de carga de 14 m³ de volume conta com porta lateral corrediça, piso protegido (demarcado com fitas para descrição do posicionamento de bateria e motor no veículo avaliado) e portas duplas atrás com estribo. Acesso fácil e bom espaço interno.
Desempenho urbano
A Mercedes-Benz eSprinter 320 Curta é focada no uso urbano e para isso usa um motor elétrico de 203 cavalos e 40,6 kgfm, sendo ele síncrono de ímã permanente (PSM).
Pesando 130 kg, esse propulsor elétrico não fica no lugar do tradicional motor OM-654, sob o capô da Sprinter diesel. Nesse furgão, no cofre, se apresenta o sistema de refrigeração da bateria e os controles de comando. Até o compartimento do filtro de ar permaneceu…
Só que o PSM fica no eixo traseiro, fixado ao lado do eixo da suspensão, sendo recuado e apoiado por feixes de molas parabólicas feitas de elastômero, lembrando o Volvo XC60, por exemplo.
A Sprinter diesel também tem eixo rígido, mas com diferencial e eixo cardã, além de feixes de molas de aço e semielípticas. Motor e câmbio conferem peso considerável na frente.
O PSM, preso ao eixo, muda mais do que se imagina, já que aumenta o peso não suspenso, ficando protegido de impactos e perto da bateria de lítio de 81 kWh, que garante somente 325 km de autonomia (212 km no Inmetro).
Existe uma versão da 320 com bateria de 113 kWh, onde a eSprinter alcança 478 km. Mas, de volta à base, o furgão tem acesso fácil à cabine e com a ergonomia boa para o dia a dia.
Com peso maior atrás, assim como uma força bem mais imediata que no diesel, a eSprinter parece bem mais leve que seus 6,089 m de comprimento (sem o estribo) e 2.725 kg de peso indicam.
Tendo essa redistribuição, ela leva somente 775 kg de carga para o condutor de CNH categoria B dirigir, já que seu PBT é de 3.500 kg. Nelas, as saídas no modo Comfort são generosas, surpreendendo outros motoristas em seus automóveis de passeio.
No Economic, nota-se facilmente a perda de rendimento em prol da autonomia, mas no Maximum Range, corta-se mais um pouco, porém, chega-se aos 325 km de alcance. A frenagem regenerativa mais intensa pode ser acionada.
Vale lembrar que a falta de apoio de braço se deve ao fato de que quase nenhum operador da eSprinter 320 a usará em estrada, embora seja possível e nós fizemos isso.
Seu alcance limitado nem é o problema aqui, mas sua velocidade é igualmente limitada, mas a 90 km/h. Nesse caso, deve-se ter cautela e encarar o veículo leve de carga como um pesado.
Já na cidade, ela é ágil e dá até para ser convertida em ambulância para uma condução mais exigente em emergência, dada sua capacidade de aceleração, superior à da Sprinter diesel.
Como já dissemos, a força toda é despejada diretamente, sem marchas, dando assim uma impressão bem diferente ao volante, especialmente porque a sensação de leveza vem da ausência do conjunto motriz frontal.
Preservando a dirigibilidade, a eSprinter mantém o bom diâmetro de giro e a facilidade em manobras, desde que o condutor fique atento ao alerta de ponto cego e aos espelhos auxiliares.
É estranho, mas conduzir uma van desse porte é bem diferente de um automóvel e a CNH B é a mesma. Não há treinamento, já que o peso é o que a lei determina e não o tamanho.
A direção elétrica é eficiente e os freios atendem bem, porém, a suspensão parece mais desequilibrada em pisos ondulados do que na versão diesel, possivelmente pelo peso não suspenso maior.
O desconforto em vias esburacadas ou eventualmente sem pavimento, que não é o habitat dele, mas que pode ser encontrado em cidades, não agrada, sacudindo mais que o esperado.
De qualquer forma, a estabilidade dela no uso urbano normal é boa, enquanto na estrada, mesmo com ventos laterais e vazia, a eSprinter conta com recurso para reduzir o efeito disso.
No consumo de energia, a Mercedes-Benz eSprinter Street 320 fez 4,34 km/kWh na estrada a 80 km/h e 5,00 km/kWh na cidade, com recarga rápida feita num eletroposto de 22 kW.
Da ChargeOn, o ponto de recarga num supermercado adicionou 4% de carga em 30 minutos, com custo do kWh de R$ 1,09, saindo no total R$ 3,28 por 13 km adicionais.
Deixamos a eSprinter das 8h às 12h para carregar e ela pulou de pouco menos de 100 km de autonomia para 258 km, ambos no modo MR. Possivelmente, durante a recarga, o fluxo de energia melhorou, já que a conta não fecha.
Seja lá como for, é melhor ter mais do que menos, não é mesmo? Todavia, para maior liberdade de locomoção, não pudemos usar a recarga doméstica por falta do carregador adequado.
Tendo um pacote ADAS simples, mas funcional, a eSprinter tem controle de cruzeiro, alerta de fadiga e assistente de faixa atuante, bem como assistente de rampa.
Preço elevado, custo reduzido
Infelizmente, a eletrificação plena tem um preço e ele é bem elevado em comparação com um modelo tradicional, como a Sprinter Street 315 CDI, que custa R$ 308.300, bem menos que os R$ 489.900 pedidos na eSprinter Street 320.
Se o cliente exige que seus produtos sejam entregues ou que os serviços sejam feitos sem emissão de CO² veicular, então não há como fugir da eSprinter.
A Mercedes-Benz fechou parceria com a WEG para o fornecimento de estações de recarga mais rápidas, além de wallbox de 11 kW próprio e 93 minutos de recarga até 80% em estações de 50 kW.
Já no operacional, além de menor custo de energia por km rodado, ela vem com pacote incluso de revisões por um período de 4 anos ou 160.000 km, com média de 40.000 km por revisão.
Com a estratégia ESG (Environmental, Social and Governance) fortemente atuante no mercado internacional, veículos como a eSprinter fazem todo o sentido.
Ela não é a única, com concorrentes como Ford eTransit e JAC E-JV12 de mesma categoria, assim como vans médias menores da Stellantis e maiores, como a Iveco eDaily.
Não andamos nestes modelos e por isso não temos como opinar sobre os mesmos, mas no caso da eSprinter 320, pela proposta, ela parece ideal para uma agenda ESG cada vez mais exigente.
Mercedes-Benz eSprinter 2025 – Galeria de fotos
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