
A Nissan Frontier, depois de ter encerrada sua longa produção nacional, que durou de 2002 até 2016, ganhou uma nova geração, que desde 2018 vem da Argentina.
Aí já notamos o primeiro grande problema na vida da picape, pois ela está no mercado já por oito anos (antes de vir da Argentina, veio do México por um ano), o que a torna um tanto ultrapassada perante a concorrência.
Modelos mais modernos e recentes, com o grande destaque para a Ford Ranger, tornam a vida da Frontier bem difícil.
E isso se nota nas vendas. Em 2024, ela conseguiu ficar em quinto nas vendas, atrás de Hilux, Ranger, S10 e Triton.

Mas no finalzinho de 2024 alcançou a proeza de ser ultrapassada até por Amarok e Titano, modelos que tem lá suas qualidades, mas estão longe de ser modelos modernos e preferidos pelo público.
As novidades estéticas da linha 2025 ficaram concentradas na versão Attack, que é intermediária e aventureira, por isso que a marca japonesa nos cedeu uma unidade dessa versão para testes.
Antes de tudo, a pronúncia
Já parou para reparar que nas propagandas da Frontier, a Nissan sempre pronuncia o nome do modelo como sendo uma palavra em inglês?
Aliás, isso é óbvio, pois Frontier realmente é uma palavra em inglês, que significa “fronteira”.

Mas apenas falei um pouco disso pois todo mundo no Brasil insiste em falar o nome da picape como se fosse uma espécie de palavra em francês, “Frontiêr”.
Lembra os anos 80 e a pronúncia do Monza Classic, e o Corsinha sedã simplificado, o Classic, como se também fosse uma palavra em francês: Classíque.
Até mesmo na concessionária onde fui buscar a picape, para a minha semana de avaliações, um funcionário perguntou para o outro onde estava a unidade em questão, usando o nome da forma errada.
Nas avaliações do Youtube, a situação é bem melhor. A grande maioria pronuncia o nome da maneira certa, apenas com exceção do canal de um certo ex-piloto de F1.
Tá errado, gente. O certo é Frontíer.

De positivo, o visual aventureiro e o preço
A Nissan deu alguns detalhes para a Frontier Attack, para a deixar mais alinhada com o visual que se espera de uma picape em 2025, com muitos detalhes sem pintura, nada de cromados, e paralamas bem alargados.
As molduras plásticas usadas nos paralamas ficam até exageradas, quando você olha para a picape pela lateral, faz com que as rodas de 17 polegadas pareçam menores ainda do que já são.
E o preço, sim, parece brincadeira, mas hoje R$ 270.000 é um preço de bom custo/benefício para quem quer uma picape zero-quilômetro com tração 4×4, e alguns equipamentos a mais, como é o caso da Frontier Attack.

É um valor que – em porcentagem do total – não é tão mais alto do que o preço das versões bem básicas da Frontier, a S, de R$ 246.000, e a SE de R$ 256.000.
É claro que se você não precisa de tração 4×4, nessa faixa de preço, a Ford Ranger Black é a melhor opção, pois além de custar menos, também é um modelo bem mais moderno, por R$ 238.900, mesmo que tenha uma potência um pouco menor, 170 cavalos.
Motorização tradicional diesel, com um problema que perdura por 8 anos
É interessante notar que a Nissan não deixou a Frontier Attack com o mesmo motor de entrada, das versões mais simples, aquele com 163 cavalos e 43 kgfm que existe na versão S.
Aqui, temos um upgrade para o 2.3 biturbo de 190 cavalos e 45,9 kgfm, com câmbio automático de sete velocidades.

De série, toda a linha Frontier tem controles de tração e estabilidade, bloqueios manual e automático de diferencial, freios ABS com EBD, controle automático de descida e auxílio de partida em rampa.
O desempenho, no geral, é bom, apesar de não ser a picape mais potente da categoria, perdendo para S10, com 207 cavalos, Triton, com 205, e Hilux, com 204 (além, obviamente dos modelos V6 de Ranger e Amarok).
Mas, mesmo assim, temos uma cavalaria e um torque que são mais do que o suficiente para empurrar a picape, ainda mais se ela não estiver carregada.

O problema a que me referi ali no subtítulo, que já dura nada menos que oito anos, é a desenvoltura, ou disposição do motor 2.3 biturbo.
Mesmo tendo sido ligado a um bom câmbio automático de sete marchas, que faz o seu papel bem, a Frontier apresenta uma irritante hesitação quando exigimos mais da picape.
Sabe aquele momento em que você reduz bastante a velocidade, para cerca de 10 ou 20 km/h, no trânsito intenso, talvez para efetuar uma conversão à direita, ou por causa de um carro que está muito lento, logo na sua frente?
Nesses momentos, você pisa no acelerador e sente aquela demora na resposta, como se fosse um carro 1.0 Turbo com lag demasiado.

É também parecido com as impressões que tivemos do T-Cross mais recente, que irrita com suas respostas lentas ao pisar do acelerador, tudo por causa de regulamentações de emissões de poluentes.
Fora esses momentos, a Frontier tem boas respostas e não deverá irritar demais seu proprietário.
Obs.: O consumo que anotamos em nossa semana de testes, em rodagem puramente urbana, foi de 7,5 km/l.

Suspensão que é referência em um aspecto e decepção em outro
Ao mesmo tempo em que a Nissan Frontier é sempre muito elogiada, pela sua suspensão traseira com conjunto multilink e molas helicoidais, que entrega uma rodagem muito mais suave em terrenos difíceis e também melhora o conforto no asfalto.
Diferente de várias de suas concorrentes, a Frontier não tem uma caçamba que fica pulando o tempo todo, ao menor contato com imperfeições do solo, em uso urbano e vazia, o tipo de uso que hoje é feito pela maioria do pessoal que tem picape.
Já a suspensão dianteira decepciona. Assim que tinha pego a Frontier para avaliação, fui passar por uma irritante travessia elevada. Então passei na velocidade que você pode passar com uma picape, um pouco mais rápido do que faria com um carro de passeio.

Me surpreendi pela resposta da Frontier. A suspensão dianteira balançou muito, e deu fim de curso nos amortecedores.
É bom que o conjunto dianteiro seja tão macio assim, isso entrega uma condução mais agradável.
Mas, por outro lado, você é obrigado a reduzir bastante a velocidade com a qual passa por obstáculos do dia-a-dia, e isso não é todo dono de picape que está disposto a aceitar.
Alguns detalhes que podem indicar para a Nissan o por que da queda nas vendas da Frontier
Acredito que além do fato de já estar nas ruas brasileiras desde o final de 2017, nessa geração, o que aumenta muito o desinteresse do mercado, alguns outros problemas poderiam ser revistos na picape da marca japonesa.
Temos um interior bem parecido com o do Sentra antigo, que foi vendido no Brasil até 2020. O volante tem apenas regulagem de altura, algo que não é esperado em uma picape de R$ 270.000.

Ambos os quebra-sóis não tem espelho, coisa comparável com carro de R$ 70.000.
A direção hidráulica é bem pesada, e o acabamento da porta do motorista, pelo menos na unidade que testamos, tinha algumas rebarbas em seu ponto mais alto, onde geralmente apoiamos o braço, rebarbas essas que incomodaram bastante, até que dei uma raspada ali para as tirar.
A central multimídia é ultrapassada, como vemos em todos os modelos da marca atualmente, e, infelizmente, ainda precisa do fio para conexão do celular a sistemas Android Auto e Apple Carplay.
E, por fim, a regulagem dos faróis, localizada na haste esquerda da coluna de direção, não tem posição OFF. Tem apenas AUTO, lanterna ou faróis ligados.

Para quem é a Frontier Attack?
Na linha 2025, a Frontier Attack passou a ter um visual menos exagerado, com adesivos mais discretos.
Quem quer uma picape robusta, com bastante potência e torque, mecânica mais parruda e boa capacidade off-road, graças à tração 4×4, mas não se importa em o modelo ter um visual e acabamento simples, tanto por dentro quanto por fora, vai ficar satisfeito com a Attack.
Pois, se o objetivo foi ter uma moderna picape de shopping center, talvez seja melhor olhar para outros modelos do mercado.

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