Avaliação: Renault Captur Intense 1.6 CVT (detalhes)

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O Renault Captur é um belo carro, sem dúvidas. O SUV francês é um produto que chama atenção por suas formas atraentes, em especial pela frente bem resolvida e pelo corpo alongado, revelando uma altura do solo elevada e uma paleta em dois tons de dar inveja aos concorrentes.

Além disso, o Captur também mostra que não impressiona apenas por fora, mas agrada também por dentro. É um dos poucos carros onde os bancos em tecido são mais bonitos que os de couro.

Feito sobre a robusta plataforma do Duster, ele soube aproveitar as vantagens dessa base em nossa realidade brasileira, nua e crua.

Resistente, o Renault Captur poderia ser só elogios, mas a realidade desse utilitário esportivo, que nasceu como Kaptur é bem diferente. Embora robusta, a base do romeno tem suas falhas e a marca também ajudou a reforçar isso.

Nas opções, de novo temos que olhar para a única saída razoável em uma gama quase totalmente errada.

Com o câmbio CVT no motor 1.6 SCe, o Renault Captur reaparece até que bem. Custando R$ 89.950 na versão Intense, ele acompanha a tendência de valorização extrema dos SUVs e chega a custar salgados R$ 94.350 com bancos em couro e pintura bi-tom, como no avaliado.

E o mercado? Em 2017, ele vendeu 13.742 unidades, o suficiente para ficar apenas em nono.

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Por fora….

O Renault Captur parece um SUV mais compacto que foi esticado como se fosse maleável. Ele tem 4,33 m de comprimento, mas sua linha de cintura não é assim tão alta e com vão livre do solo elevado e o maior entre-eixos da categoria (2,67 m), o crossover da Renault apresenta uma silhueta delgada, que só ele tem.

A frente é curta e arredondada, chamando atenção para os faróis puxados e os enormes LEDs diurnos em “C” no para-choque, que realçam essa versão Intense. Os faróis de neblina com luzes de curva também são bons.

O protetor cinza na parte frontal reforça o que ele tem de bom, a robustez não é apenas visual.

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Com teto aparentemente baixo, o Renault Captur tem área envidraçada boa. A pintura em tons de preto e laranja, dá o tom da proposta desse SUV. Na traseira, as lanternas com seus “Cs” de LED também agrada.

O para-choque tem aspecto consistente com o protetor cinza e ainda há um belo acabamento cromado junto à tampa do bagageiro. As rodas aro 17 têm desenho muito bom. Proteção nas saias de rodas, retrovisores com repetidores de direção e basculamento elétrico, friso cromado na base das portas.

Mas, falta algo aí? Sim, as obrigatórias barras longitudinais no teto…

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Por dentro….

No interior, o Renault Captur Intense com a padronagem dos bancos em couro tem um ambiente com materiais escuros, que combinam com o revestimento dos assentos. Não é luxuoso, pelo contrário, há muita simplicidade no habitáculo.

Não há nem mesmo um mínimo revestimento soft touch que seja, mas, pelo menos, não tem texturas que tentam imitar outra coisa.

O preto brilhante se sobressai na multimídia, nas portas e na base da alavanca de câmbio. O ar-condicionado automático tem bom aspecto, mas é bem analógico. A MediaNav 2.0 é simples, intuitiva e bem funcional, mas o navegador ainda é muito ruim, mesmo com dados de tráfego.

Boas dicas de economia e o score da frugalidade ajudam a incentivar boas médias de consumo, desde que com gasolina, é claro. Há câmera de ré e entradas USB/auxiliar, tudo ali na tela central.

O volante não é dos melhores, não tem sequer ajuste em profundidade da coluna e os complexos comandos do controlador/limitador de velocidade, que fica bem perto das mãos, entre os bancos e abaixo do freio de estacionamento… Sim, é ruim demais!

A instrumentação é simples, mas atende bem. O porta-luvas é grande e iluminado. Sobre o painel, um porta-treco prático.

Já os porta-copos, apenas aqueles entre os bancos são razoáveis, assim como das portas traseiras. O Captur tem um modo Eco, mas para achá-lo, é preciso olhar para baixo. Aí, em uma posição péssima, ao lado do piloto automático.

As portas felizmente possuem bons apoios e todos os comandos de vidros e retrovisores. As maçanetas cromadas são bonitas.

Os bancos em couro são agradáveis visualmente, mas não muito macios. Os dianteiros seguram pouco o corpo em curvas e o apoio de braço retrátil é um benefício importante. Atrás, nada de bom espaço para pernas.

Pela maior base entre os SUVs compactos do Brasil, superando até alguns modelos médios, era para ser bem generoso atrás, mas é como se tivesse em torno de 10 cm a menos.

Já dissemos isso uma vez, mas não custa repetir. A Renault privilegiou as malas em detrimento das pessoas que vão atrás. O próprio encosto é avançado além das quinas das portas traseiras, indicando claramente seu deslocamento em direção ao habitáculo.

Resultado, vitória para o bagageiro nos 437 litros rasos… Sim, rasos, porque o assoalho é elevado, no nível da tampa. E olha que o estepe é externo.

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Por ruas e estradas….

Depois de relembrarmos virtudes e defeitos do Renault Captur – e olha que sequer reclamamos da versão Intense – o SUV compacto bonito recebeu aquilo que lhe era de direito desde o lançamento, o esperado motor 1.33 TCe! Não, seria bom se fosse verdade, mas ainda estamos falando do 1.6 SCe.

O propulsor compacto da Renault foi casado com a caixa automática CVT Xtronic da Nissan, que é bem-vinda. Com ela, o motor pode trabalhar de forma mais suave e econômica. Com 118 cv na gasolina e 120 cv no etanol, o 1.6 SCe garante o mesmo torque de 16,2 kgfm a 4.000 rpm, independente do combustível.

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O motor apresenta uma boa disposição em baixa rotação, mesmo atenuada pelo câmbio CVT com conversor de torque, mas com simulação de marchas, que podem ser acionadas manualmente. O funcionamento linear do Xtronic garante um rodar mais suave e prazeroso, em termos de conforto.

Como se trata de motor aspirado, qualquer acelerada mais forte o giro sobe bem, mas em trânsito urbano, por exemplo, pode-se rodar com o ponteiro em torno de 1.500 rpm, o que o consumo agradece.

Na estrada, a 110 km/h, mais uma vez o CVT mostra que é melhor que a velha caixa automática de 4 marchas da versão 2.0. O giro fica em 2.000 rpm e ganha-se em conforto e economia.

Sem modo esportivo, o Renault Captur 1.6 CVT é focado na frugalidade e no conforto, por isso pode-se ainda realçar o primeiro com o modo Eco, que atenua a performance do crossover. Pisando-se mais, ele responde de forma moderada, mas garante ultrapassagens seguras em cruzeiro elevado, sem pedir arrego.

As mudanças manuais ajudam a buscar algo mais do motor, mas ficam sujeitas ao programa do câmbio, tendo efeito limitado.

Porém, há muita oscilação de rotação em estrada para compensar aclives e declives, mesmo suaves. Assim, o consumo com gasolina é regular: 13,3 km/litro. Na cidade, com o mesmo combustível, ele já rende muito melhor, fazendo 10,9 km/litro.

Com etanol, esqueça qualquer frugalidade com 7,5 km/litro na cidade e 9,5 km/litro na estrada.

No dia a dia, o Renault Captur Intense CVT se mostra um carro bem confortável. Buracos, bloquetes, lombadas exageradas, paralelepípedos ou asfaltos destruídos, ele nem toma conhecimento. A boa base do Duster para enfrentar a dureza do nosso país se faz notar facilmente.

A suspensão não é muito macia, mas recebe bem os impactos e neutraliza muitos deles.

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A estabilidade é boa, graças também ao conjunto de rodas de liga leve aro 17 polegadas com pneus 215/60 R17. Já a direção eletro-hidráulica é outro ponto ruim, mas “consertável” que a Renault poderia rever. Ela é mais dura do que uma hidráulica comum e não tem o mesmo conforto das elétricas. As respostas são medianas e há uma reclamação audível quando bate no fim do curso…

Falando em sons, lembramos da marcha ré com um efeito sonoro que nos faz lembrar vagamente dos alertas de ré dos caminhões e ônibus. No habitáculo, o nível de ruído do motor é aceitável, o que contribui para a boa impressão ao rodar.

Os freios atuam de forma mediana, mas cumpre sua tarefa.

Na posição de dirigir, a ergonomia é ruim pela falta do ajuste em profundidade. O piloto automático é sofrível – mesmo em funcionamento – já que para manter a velocidade, chega a esgoelar o motor em aclives pouco acentuados. Melhor fazer isso com o pé mesmo…

Os retrovisores, no entanto, dão boa visão da traseira, assim como no geral, a visibilidade é igualmente coerente.

Por você….

Em resumo, o Renault Captur 1.6 CVT é a opção mais aceitável entre as ofertas do modelo no Brasil. Sua condução é mais suave, econômica. Ele é mais gostoso de dirigir que o topo de linha 2.0 AT4, não tenha dúvidas. Pode-se até criticar o CVT por ser de fato, um CVT, mas com as opções apresentadas, ele é a melhor escolha nesse caso.

A versão Intense é a topo de linha, mesmo com motor menor, oferecendo um pacote com muitos itens de conforto e segurança, tais como os ocultos controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, airbags laterais, chave cartão para partida, sensores de chuva e crepuscular, além dos itens já citados na matéria.

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Feito para a família, o Renault Captur Intense 1.6 CVT não tem intenções no fora de estrada, mas pode enfrentar estradas de chão com valentia, afinal, tem o DNA do Duster como garantia. Só o preço que poderia ser mais generoso, e olha que não compensa ir para a Zen por R$ 86.450. Em custo de revisão, ele chama atenção: R$ 2.992,90 até 60.000 km.

No geral, é um carro aceitável para quem mora em regiões onde os pavimentos são bem ruins e não quer ter a simplicidade extrema do Duster em seu dia a dia. Com um visual ainda mais agradável e um bom nível de conforto, essa versão Intense 1.6 CVT é algo mais equilibrado.

Vale a pena? Diríamos que é melhor considerar também outras opções nessa faixa de R$ 90.000, mas se for por beleza, esse aqui já ganhou.

Medidas e números….

Ficha Técnica do Renault Captur Intense 1.6 CVT 2018

Motor/Transmissão

Número de cilindros – 4 em linha, flex

Cilindrada – 1.597 cm³

Potência – 118/120 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol)

Torque – 16,2 kgfm a 4.000 rpm (gasolina/etanol)

Transmissão – CVT com trocas manuais na alavanca

Desempenho

Aceleração de 0 a 100 km/h – 13,1 segundos (etanol)

Velocidade máxima – 169 km/h (etanol)

Rotação a 110 km/h – 2.000 rpm

Consumo urbano – 7,5/10,9 km/litro (etanol/gasolina)

Consumo rodoviário – 9,5/13,3 km/litro (etanol/gasolina)

Suspensão/Direção

Dianteira – McPherson/Traseira – Eixo de torção

Eletro-hidráulica

Freios

Discos dianteiros e tambores traseiros com ABS e EDB

Rodas/Pneus

Liga leve aro 17 com pneus 215/60 R17

Dimensões/Pesos/Capacidades

Comprimento – 4.329 mm

Largura – 1.813 mm (sem retrovisores)

Altura – 1.619 mm

Entre eixos – 2.673 mm

Peso em ordem de marcha – 1.286 kg

Tanque – 50 litros

Porta-malas – 437 litros

Preço: R$ 89.950 (sugerido), R$ 91.450 (versão avaliada)

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X