
Mesmo com o discurso otimista de que está pronta para o futuro elétrico, a General Motors tem enfrentado questionamentos cada vez mais duros sobre sua real capacidade de competir na nova era da mobilidade.
A gigante de Detroit até superou as expectativas de Wall Street no último trimestre, mas os resultados financeiros deixam claro que há muito a resolver.
O lucro caiu de US$ 2,9 bilhões para US$ 1,9 bilhão no comparativo anual, em grande parte por causa de um prejuízo bilionário provocado pelas tarifas impostas pela administração Trump.
E é aí que entra a dúvida mais incômoda: se até a Tesla, líder disparada no setor de veículos elétricos, ainda enfrenta dificuldades para lucrar com seus modelos, como a GM, com sua estrutura inchada e foco tradicional, pretende virar esse jogo?
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Durante a conferência de resultados, o analista Adam Jonas, do banco Morgan Stanley, não economizou nas palavras.
Ele perguntou diretamente à CEO Mary Barra como a GM pretende obter rentabilidade com EVs, considerando que nem mesmo a Tesla está conseguindo — e isso apesar de Elon Musk já ter sinalizado que seu foco está se deslocando dos carros para inteligência artificial, autonomia e robótica.
A resposta de Barra foi conservadora. A executiva reconheceu que a empresa avalia algumas parcerias no campo da automação, mas deixou claro que o foco está nas fábricas, não nos carros.
Ou seja, enquanto a Tesla investe pesado em robôs e algoritmos para reinventar a indústria, a GM se contenta em otimizar a produção, mirando eficiência industrial e redução de custos.

O contraste com a Tesla não poderia ser mais gritante. A empresa de Elon Musk tem um valor de mercado calculado em 140 vezes seu lucro estimado para 2026, segundo o banco Piper Sandler, justamente por sua aposta em novos modelos de negócios baseados em IA e robótica.
Já a GM amarga um múltiplo de apenas cinco vezes os lucros projetados, com analistas dizendo que não será com “táticas inteligentes” que ela sairá da estagnação — e sim com mudanças radicais de rumo.
Mesmo assim, a GM continua presa ao seu próprio DNA. Seu discurso ainda gira em torno de produtos e eficiência operacional, como se bastasse melhorar o que já existe para competir num mercado que muda de forma acelerada.
Enquanto isso, Tesla, Rivian e até montadoras chinesas apontam para um cenário em que os carros são apenas parte de um ecossistema digital e autônomo muito mais lucrativo.
A GM pode até manter parte de sua base fiel por mais algum tempo. Mas, sem ousadia verdadeira, corre o risco de ficar para trás não apenas no mercado de elétricos, mas na própria definição do que será um automóvel nos próximos anos.
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