
A reputação de segurança das baterias de estado sólido (SSBs) foi colocada em xeque por especialistas chineses esta semana, gerando uma nova onda de debates técnicos no setor automotivo e de energia.
Embora essas baterias sejam vistas como o futuro das tecnologias de lítio, com promessas de maior densidade energética e maior resistência a falhas térmicas, novas análises indicam que os riscos de segurança permanecem significativos.
Durante a Conferência Mundial de Baterias de Potência, acadêmicos destacaram que, apesar do avanço técnico, as SSBs continuam sendo sistemas eletroquímicos densos em energia, e, portanto, ainda sujeitos ao fenômeno de fuga térmica — que pode levar ao superaquecimento, incêndios ou até explosões.
Um dos focos de preocupação envolve o uso do lítio metálico, comum nas arquiteturas de baterias sólidas.
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Pesquisas experimentais recentes indicam que o lítio pode reagir diretamente com materiais catódicos mesmo na ausência de oxigênio, resultando em reações aluminotérmicas que podem atingir temperaturas extremas, na casa dos 2.500 °C.
E o mais alarmante: essas reações podem ocorrer mesmo em células totalmente descarregadas.
Outro ponto levantado por pesquisadores é a formação de dendritos de lítio — estruturas metálicas em forma de agulha que podem atravessar o eletrólito e causar curtos-circuitos internos.
Embora os eletrólitos sólidos prometam suprimir esse efeito, falhas estruturais microscópicas, como rachaduras ou fronteiras entre grãos, ainda podem permitir a penetração dos dendritos.
Além disso, muitos protótipos de SSBs utilizam materiais como cátodos de alto teor de níquel e ânodos de silício para aumentar a capacidade energética.
Esses materiais, no entanto, apresentam maior instabilidade térmica e podem agravar riscos sob condições extremas de uso.
Esses alertas ganham importância no momento em que grandes montadoras chinesas aceleram seus programas de desenvolvimento com foco nas SSBs.
A FAW Group pretende equipar modelos da marca Hongqi com baterias sólidas até 2027.
A GAC Group já iniciou produção piloto em pequena escala, enquanto a Dongfeng Motor visa baterias com densidade de 350 Wh/kg até o final de 2026, prometendo autonomia superior a 1.000 km em veículos elétricos.
SAIC Motor e Chery também avançam em testes e protótipos para integração até 2027.
Esse cronograma apertado pressiona por validações rigorosas de segurança antes da comercialização em larga escala.
A partir de julho de 2026, entra em vigor um novo padrão nacional de segurança para baterias de potência na China, exigindo que novas células resistam a testes de abuso sem incêndio ou explosão por no mínimo cinco minutos.
Embora a medida não seja exclusiva para SSBs, ela reforça a urgência de padronização e testes mais robustos.
Analistas chineses advertem contra o marketing que pinta as SSBs como solução definitiva para os incêndios em baterias, alertando que isso mascara a complexidade técnica envolvida.
Enquanto isso, as baterias de íon-lítio líquidas seguem evoluindo com melhorias em eletrólitos retardantes de chama, revestimentos de eletrodos e projetos mais tolerantes ao calor.
A tendência mais realista, segundo especialistas, é a coexistência de ambas as tecnologias.
As baterias de estado sólido podem dominar aplicações de alta densidade energética e segurança crítica, como veículos de luxo ou aviação elétrica.
Já as baterias líquidas continuam sendo competitivas para veículos de entrada, aplicações estacionárias e mercados mais sensíveis ao custo.
A corrida tecnológica, portanto, continua — mas com menos certezas e mais cautela do que o marketing costuma sugerir.
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