
Em um momento em que várias montadoras estão recuando de suas promessas de eletrificação total, a BMW surge como a voz da moderação — ou da lucidez, dependendo do ponto de vista.
Durante a reunião anual da empresa, o CEO Oliver Zipse defendeu com firmeza a estratégia da marca bávara de diversificar suas tecnologias de propulsão e não ceder à pressão de se tornar uma montadora exclusivamente elétrica.
Zipse deixou claro: apostar exclusivamente em veículos elétricos é um “beco sem saída”.
Segundo ele, a realidade geográfica, econômica e social da Europa (e do mundo) torna inviável qualquer abordagem única.
“As diferenças são grandes demais, mesmo dentro da Europa. Basta comparar a Bélgica, com mais de 60% de participação de EVs e híbridos, com a Itália, onde esse número é de apenas 4%”, exemplificou.
Enquanto montadoras como Ford e Volkswagen já demonstram sinais de rever seus cronogramas de eletrificação total, a BMW parece confortável em sua posição híbrida — tanto no discurso quanto na prática.
Hoje, mais de 25% dos carros vendidos pela marca já são eletrificados, sendo quase 20% totalmente elétricos. Mas os planos da BMW vão além dos EVs: em 2028, a marca lançará seu primeiro carro movido a hidrogênio, desenvolvido em parceria com a Toyota.
Zipse também fez críticas diretas às políticas públicas que forçam a adoção de uma única tecnologia. Para ele, limitar a oferta de soluções vai contra o espírito de inovação e dificulta investimentos.
“Levar a sério metas climáticas não é o mesmo que adotar regulações técnicas unilaterais. Mobilidade precisa ser ampla, não dogmática”, afirmou.
A posição da BMW não é nova, mas ganha relevância agora que o discurso de “EVs ou nada” começa a ruir diante de realidades de mercado, altos custos, falta de infraestrutura e resistências regionais.
“Enquanto outros estão mudando de rota ou ajustando seus planos, nós seguimos exatamente na direção certa”, declarou Zipse aos acionistas.
No fim das contas, o que a BMW propõe não é rejeitar o carro elétrico, mas sim reconhecer que ele não será a solução única e universal.
Com uma gama que incluirá gasolina, diesel, híbridos, elétricos e hidrogênio, a marca se posiciona como uma defensora da diversidade tecnológica — e parece mais preparada para lidar com um futuro em que a flexibilidade será tão valiosa quanto a inovação.
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