
Enquanto o Reino Unido tenta frear o avanço dos carros chineses com subsídios que excluem modelos fabricados na China, a BYD segue na contramão: em setembro, a marca vendeu 11.271 veículos no país — quase 10 vezes mais que no mesmo mês do ano passado.
Com isso, a fabricante se tornou a segunda maior vendedora de carros elétricos no Reino Unido, atrás apenas da Tesla, e alcançou 3,6% de participação de mercado.
O desempenho coloca o Reino Unido como o maior mercado da BYD fora da China, mesmo após o governo local ter criado um programa de £650 milhões em incentivos para veículos elétricos que exclui marcas chinesas.
O motivo alegado? O alto impacto ambiental da produção desses carros, segundo as autoridades britânicas.
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Apesar de estar fora do pacote de descontos — que chega a £3.750 por carro (cerca de R$ 24 mil) —, a BYD disparou nas vendas graças a sua política de preços agressivos, que já é vista com preocupação por executivos da indústria automotiva europeia.

Ainda assim, a própria BYD já criticou o programa de subsídios, chamando-o de “estúpido” e afirmando que ele age como uma “droga” de curto prazo que distorce o mercado.
Mesmo com o incentivo, o Reino Unido não conseguiu atingir a meta de 28% de participação de EVs no total de vendas em 2025 — fechando setembro com 22%.
Ainda assim, foi um recorde mensal: foram 72.779 veículos elétricos registrados, um aumento de 29% em relação a 2024, segundo a Society of Motor Manufacturers and Traders.
Enquanto a BYD cresce, os fabricantes locais enfrentam dificuldades sérias.
A Nissan está encolhendo sua operação global; a Jaguar Land Rover teve suas fábricas paradas por semanas após um ataque cibernético e precisou de uma garantia de empréstimo do governo britânico de até £1,5 bilhão.

Já a BMW adiou um investimento de £600 milhões em sua fábrica da Mini em Oxford e começou a demitir funcionários.
Outras marcas chinesas também começam a ganhar tração: a Chery, com suas submarcas Omoda e Jaecoo, já colocou o SUV Jaecoo 7 como o quarto carro mais vendido no país em setembro.
Com o avanço chinês, executivos europeus já falam abertamente em preocupação com a competitividade. Lynn Calder, CEO da Ineos Automotive (do bilionário Jim Ratcliffe), disse que “a Europa abriu as portas para veículos chineses baratos e impressionantes que, se não tomarmos cuidado, vão dominar tudo”.
Apesar das críticas, a BYD tem planos ambiciosos para o Reino Unido.
Em entrevista ao Financial Times, o diretor da marca para Reino Unido e Irlanda, Bono Ge, afirmou que a empresa quer se tornar “a maior fabricante de elétricos e híbridos plug-in do país” e que trará sua tecnologia de recarga ultrarrápida para a Europa em 2026.

Enquanto isso, a demanda doméstica da BYD na China dá sinais de enfraquecimento.
Em setembro, as vendas caíram 5,5% em relação ao ano anterior, marcando a primeira retração em 19 meses.
A empresa também revisou para baixo sua meta global de vendas em 2025, de 5,5 milhões para 4,6 milhões de unidades, pressionada pelo governo chinês a conter a guerra de preços que reduziu os lucros da indústria.
Apesar disso, a BYD segue à frente da Tesla nas vendas globais: já são 1,6 milhão de veículos vendidos no ano, contra 1,2 milhão da marca de Elon Musk, segundo dados oficiais de ambas.
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