Depois de causar um verdadeiro terremoto no mercado automotivo chinês com sucessivas quedas de preços, a BYD está levando sua estratégia agressiva para o exterior.
E a primeira bomba já caiu na Europa: o Dolphin Surf, versão europeia do popularíssimo Seagull chinês, acaba de ser lançado no Reino Unido com preços a partir de £18.650 — o equivalente a cerca de R$ 140 mil.
Pode parecer muito, mas, considerando que o Dolphin Surf entrega autonomia de 327 km (ciclo WLTP), uma tela giratória de 10,1 polegadas e recursos de assistência semiautônoma ao condutor, trata-se de um dos carros elétricos mais competitivos do continente.
A versão de entrada “Active” já impressiona, mas a variante “Boost”, com autonomia de até 507 km, chega por £21.950 (cerca de R$ 160 mil), desbancando facilmente rivais mais caros e menos equipados.
Enquanto a indústria automotiva ocidental ainda tenta entender como competir com os elétricos chineses, a BYD avança a passos largos.
No mês passado, a marca superou a Tesla em vendas no Reino Unido, registrando 3.025 unidades contra 2.016 da rival americana. E isso antes mesmo da chegada do Dolphin Surf às lojas.
O Seagull, sua base na China, já custa hoje apenas US$ 7.800 após cortes agressivos — menos que uma motocicleta premium.
Mesmo com adaptações para o mercado europeu, a filosofia permanece: oferecer o máximo de carro pelo menor valor possível. E isso está dando resultado. Em abril, pela primeira vez na história, a BYD vendeu mais carros na Europa do que a Tesla.
Stella Li, vice-presidente da BYD, declarou no evento de lançamento em Roma que os “carros compactos são a próxima fronteira da eletrificação na Europa.” A frase não poderia ser mais apropriada.
Ao mirar nesse segmento, a marca coloca pressão justamente onde as montadoras tradicionais ainda patinam: oferecer EVs acessíveis com desempenho, autonomia e tecnologia de ponta.
A ameaça é real. Segundo a S&P Global Mobility, a BYD deve dobrar suas vendas na Europa em 2025, chegando a 186 mil unidades, com projeções de até 400 mil carros vendidos por ano até 2030.
E o ataque não para por aí: a marca já é líder em mercados como Brasil, México, Tailândia e começa a incomodar no Japão e na Coreia do Sul.
O segredo? A verticalização total. A BYD fabrica praticamente tudo internamente: baterias, motores, eletrônica, sistemas de tração. Isso reduz drasticamente os custos e permite praticar preços impensáveis para as rivais.
Desde 2022, a empresa deixou de produzir veículos a combustão e apostou 100% na eletrificação — e agora colhe os frutos da ousadia.
Se o Dolphin Surf repetir o sucesso do Seagull, a guerra de preços dos EVs acaba de cruzar fronteiras e promete remodelar completamente o mercado automotivo global. E as marcas ocidentais precisam decidir rapidamente: se adaptar ou ser engolidas.
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