O setor de energia vive um momento de transformação acelerada.
Com a crescente participação de fontes renováveis, como solar e eólica, surge um desafio: como garantir fornecimento estável de eletricidade quando o sol não brilha ou o vento não sopra?
É nesse cenário que entram os sistemas de armazenamento estacionário, grandes baterias que funcionam como uma “caixa d’água” de energia.
Eles guardam a eletricidade gerada em excesso em determinados momentos e a devolvem para a rede quando há maior demanda, ajudando a evitar apagões, estabilizar a frequência da rede elétrica e permitir maior integração das energias limpas.
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Nesse mercado, a Tesla se consolidou como referência com o Megapack, uma solução de contêineres de baterias usada em diversos projetos pelo mundo.
No início deste mês, a empresa americana apresentou a nova geração, o Megapack 3, que aumentou sua capacidade de 3,9 MWh para 5 MWh por unidade.
A Tesla também revelou o Megablock, formado por quatro Megapacks combinados a transformador e equipamentos de controle, voltado a projetos de maior escala.
A chinesa BYD, que é uma das maiores fabricantes de baterias do mundo, respondeu com força. A companhia anunciou o HaoHan, um sistema de armazenamento que impressiona pelos números.
Na configuração padrão, oferece capacidade de 14,5 MWh — quase três vezes mais do que o Megapack. Já na versão compacta de 20 pés, entrega 10 MWh.
A marca afirma que o sistema possui um índice Vcts (Volume Ratio of Cell to System) de 52,1%, o mais alto do setor, o que significa melhor aproveitamento do espaço interno.
A confiabilidade também foi destacada. A BYD afirma que simplificou a arquitetura do sistema, resultando em 70% menos falhas e 70% de redução nos custos de manutenção.
O diferencial está no uso da Blade Battery de 2.710 Ah, célula proprietária da marca e a maior já aplicada em armazenamento estacionário.
Graças a ela, a densidade energética do HaoHan é superior, permitindo construir projetos em escala de gigawatts-hora com cerca da metade do número de unidades necessárias até então.
O ganho econômico é direto: a fabricante calcula redução de 21,7% nos custos totais dos projetos.
Seguindo a estratégia da Tesla com o Megablock, a BYD também apresentou soluções complementares para maximizar o desempenho do sistema.
O GC Flux é um inversor de rede capaz de operar de 2,5 a 10 MW, com desempenho 38% acima da média do setor e densidade de potência máxima de 1.474 kW/㎡, cerca de 130% superior aos valores de mercado.
Ele também suporta sobrecargas três vezes maiores que a nominal por 10 segundos, com eficiência de até 99,35%.
Esses recursos são cruciais em redes modernas, muitas vezes híbridas ou com grande participação de renováveis.
O GC Flux pode regular tensão e frequência em menos de 100 milissegundos, além de oferecer resposta inercial por até 25 segundos. Isso ajuda a manter a rede estável, mesmo em situações de oscilação ou falhas.
Para completar, a empresa revelou o GC Master EMS, um sistema de gerenciamento semelhante ao Autobidder da Tesla, que controla a operação das baterias para garantir maior eficiência e retorno financeiro.
O impacto comercial já começou. O HaoHan será usado em um projeto gigantesco de 12,5 GWh na Arábia Saudita, número que equivale praticamente ao total de armazenamento instalado pela Tesla em um trimestre inteiro.
Essa conquista mostra que a disputa está só começando e reforça a vantagem de players como BYD, que produzem internamente as baterias — o componente mais caro desses sistemas.
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