
O mercado automotivo chinês, conhecido pela velocidade de lançamentos e pela concorrência intensa, vive agora um novo embate fora das concessionárias: o das redes sociais.
O governo da China anunciou uma ofensiva contra a desinformação digital que tem atingido diretamente montadoras e seus modelos, em um cenário que mistura rivalidade empresarial e influência online.
A gigante BYD foi uma das primeiras a se movimentar.
A marca abriu processos contra contas que, segundo ela, espalham calúnias e ataques infundados, pedindo desculpas públicas e uma indenização equivalente a mais de R$ 2 milhões.
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O caso ganhou repercussão e mostrou a dimensão do problema.

A disputa também envolve startups. Uma montadora novata processou um influenciador da plataforma Douyin, versão chinesa do TikTok, após uma série de vídeos ridicularizando motoristas de seus veículos eletrificados.
O perfil acumulava mais de 5 milhões de seguidores antes de ser suspenso em meados de 2024.
Nem sempre os ataques vêm de críticos anônimos. A Li Auto publicou um vídeo de colisão que mostrava um de seus SUVs resistindo melhor que um caminhão da Dongfeng Liuzhou, subsidiária da estatal Dongfeng Motor.
O conteúdo viralizou, mas gerou polêmica, já que a rival afirmou que o teste foi manipulado. A Li Auto pediu desculpas, alegando não querer questionar a segurança da concorrente.

Diante da escalada, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China lançou em setembro uma campanha de três meses para coibir práticas como difamação, propaganda enganosa e manobras comerciais ilegais.
O objetivo é proteger o setor sem desestimular a avaliação crítica de consumidores e jornalistas.
As próprias montadoras estão criando mecanismos de autodefesa. BYD e MG, por exemplo, oferecem recompensas que variam de 50 mil a 5 milhões de yuans para quem identificar perfis responsáveis por ataques maliciosos.
A medida busca desestimular ações coordenadas que possam prejudicar a imagem das marcas.

A situação revela um dilema para autoridades e empresas. Por um lado, o entusiasmo do público chinês com os EVs cresce justamente graças ao debate online e ao compartilhamento de experiências em massa.
Por outro, a mesma exposição digital abre espaço para campanhas de desinformação que podem minar a confiança dos consumidores.
Com o setor automotivo chinês se consolidando como um dos mais competitivos do mundo, a batalha pela reputação nas redes sociais se torna quase tão importante quanto a inovação tecnológica.
O próximo passo será entender até onde vai a crítica legítima e onde começa a manipulação deliberada.
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