
A tensão entre fabricantes de carros elétricos chegou a um novo patamar nesta sexta-feira, quando a BYD, líder global em veículos elétricos, respondeu publicamente a declarações controversas feitas por Antonio Filosa, CEO da Stellantis, durante um evento com investidores.
O executivo afirmou que a Leapmotor, marca chinesa parceira da Stellantis desde 2023, teria vendido mais EVs do que a BYD na Alemanha no mês de agosto — declaração que gerou um mal-estar imediato no setor.
A resposta da BYD não demorou. Em uma ação incomum, a montadora chinesa divulgou um comunicado oficial rebatendo a afirmação, com números que indicam o contrário.
De acordo com dados da própria marca, a BYD emplacou 8.610 veículos na Alemanha entre janeiro e agosto de 2025, enquanto a Leapmotor registrou apenas 3.536 unidades no mesmo período — menos da metade.
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E a BYD foi além: aproveitou a ocasião para destacar que suas vendas nos primeiros oito meses do ano superaram as da Alfa Romeo, uma das marcas premium da Stellantis, e quase ultrapassaram a Jeep, outra divisão estratégica do grupo.
A cutucada veio com elegância, mas o recado foi claro: quem está liderando o avanço chinês no mercado europeu não é a parceira da Stellantis, e sim a própria BYD.
Diante da repercussão, a Stellantis tentou suavizar o impacto. Em nota, um porta-voz da empresa afirmou que Filosa se referia especificamente ao mês de agosto, e não ao acumulado do ano.
Segundo a Stellantis, nesse mês a Leapmotor teria sido a marca chinesa com maior número de registros de veículos elétricos na Alemanha, o que justificaria a afirmação feita pelo CEO.

Apesar do mal-entendido (ou da tentativa de minimizar), o episódio escancara a crescente rivalidade entre fabricantes ocidentais e as emergentes chinesas, que têm ganhado espaço rapidamente na Europa graças a preços competitivos, plataformas modernas e estratégias agressivas de mercado.
Vale lembrar que a BYD não apenas tem expandido sua presença no Velho Continente, como também vem recrutando diversos ex-executivos da própria Stellantis.
Entre eles, Maria Grazia Davino, que comandava a operação da empresa no Reino Unido, Alessandro Grosso, ex-vice-presidente de vendas na Itália, e até Alfredo Altavilla, que chegou a ser cogitado como sucessor de Sergio Marchionne no comando da Fiat Chrysler.
Altavilla agora atua como conselheiro estratégico da BYD para o mercado europeu.
A disputa entre BYD e Stellantis vai muito além de uma troca de declarações — é um reflexo direto da nova ordem no setor automotivo global.
Com fabricantes chineses ganhando tração e montadoras tradicionais tentando manter relevância, é natural que os nervos fiquem à flor da pele.
E ao que tudo indica, esse tipo de embate público será cada vez mais comum na guerra pela liderança do mercado elétrico europeu.
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