O câmbio manual, por muito tempo símbolo de controle e prazer ao dirigir, está rapidamente perdendo seu lugar no Reino Unido.
Dados de 2023 mostram que 78% dos carros vendidos no país saíram da concessionária com transmissão automática, consolidando uma tendência que começou há poucos anos — mais precisamente em 2020, quando os automáticos ultrapassaram os manuais pela primeira vez na história britânica.
Esse movimento não se restringe às compras. Dados da AA Driving School revelam que, em 2024, um em cada cinco novos motoristas optou por fazer o exame de direção em um carro automático, quase o dobro do registrado cinco anos atrás.
E nas áreas urbanas, essa escolha é ainda mais comum, segundo o CEO da Red Driver Training, Seb Goldin.
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Diversos fatores explicam essa mudança. Além da crescente preferência dos consumidores, muitas montadoras já estão deixando de oferecer versões manuais em seus catálogos.
Os carros automáticos, antes caros e restritos a modelos de luxo, agora são mais acessíveis — e com a ascensão dos veículos elétricos, que são todos automáticos por padrão, o caminho está pavimentado para o desaparecimento gradual das marchas manuais.
Mas nem todos estão prontos para dizer adeus. Apaixonados por carros ainda defendem o câmbio manual com fervor.
Para entusiastas como Ivan Thompsett, instrutor de direção avançada, a experiência de dirigir com marchas é incomparável.
Ele garante que em uma boa estrada e com o carro certo, nada supera a conexão entre o motorista e a máquina proporcionada por uma alavanca de câmbio.
Além disso, manuais continuam mais baratos. Um Vauxhall Corsa 1.2 Turbo, por exemplo, custa cerca de £1.700 a menos com câmbio manual do que sua versão automática.
E esse valor se reflete também nas aulas de direção: segundo a Red Driver Training, as aulas em carros automáticos são, em média, £5 mais caras por hora.
O seguro também costuma ser mais em conta para modelos manuais.
A Admiral, uma das principais seguradoras do Reino Unido, afirma que o prêmio médio para carros automáticos é 5,63% maior, principalmente por conta dos custos mais altos de reparo e substituição da transmissão.
No entanto, os contras existem — e pesam. Para motoristas que enfrentam congestionamentos diários, o câmbio manual pode ser cansativo.
Ficar pressionando a embreagem a cada parada no trânsito não é exatamente prazeroso. Já nos automáticos, basta alternar entre freio e acelerador com facilidade.
E ainda que, em teoria, os manuais ofereçam maior economia de combustível, isso depende do estilo de condução.
Como explica Trevor Rickwood, da Volkswagen, poucos motoristas extraem o máximo de eficiência de um câmbio manual, e os automáticos modernos já superam muitos manuais na prática.
Em termos de design, os automáticos também oferecem vantagens: com menos componentes físicos no console, as montadoras têm mais liberdade para criar interiores mais limpos, confortáveis e funcionais.
A verdade é que, embora o câmbio manual ainda tenha defensores leais, o mercado aponta para um futuro quase totalmente automático. E para a maioria dos motoristas, o argumento definitivo é simples: conveniência.
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