Manter um veículo por três décadas já é algo raro. Agora, alcançar mais de 6,6 milhões de quilômetros com o mesmo caminhão e o motor original, aí já é coisa de lenda.
Mas foi exatamente isso que o caminhoneiro Alan Kitzhaber fez com seu Kenworth T600 de 1995.
Kitzhaber não planejava seguir essa jornada quando comprou o caminhão. Era apenas uma maneira de “ver o país”, segundo ele mesmo, que entrou na profissão de forma casual.
Mais de 30 anos depois, ele ainda está na estrada, com a mesma máquina que virou quase uma extensão de sua identidade.
O motor, um robusto Caterpillar 3406E de 550 cavalos, continua sendo o original. Já passou por três grandes revisões feitas pela própria Caterpillar, mas nunca foi substituído.
Para garantir a longevidade do conjunto, Kitzhaber investiu em modificações estratégicas que vão muito além da manutenção básica.
Entre os upgrades mais relevantes está a troca da transmissão manual de 13 marchas por uma com duas sobremarchas, permitindo que o motor trabalhe com menos esforço em velocidades de cruzeiro.
Ele também alterou o eixo traseiro duplo para um eixo de tração simples, transformando o segundo em um eixo auxiliar (tag axle), o que reduziu 544 kg do peso total e diminuiu o esforço do trem de força.
Os invernos rigorosos de Wisconsin, onde o caminhão costuma rodar, exigiram ainda mais criatividade. Para evitar o congelamento do diesel, ele instalou um sistema de aquecimento de combustível Arctic Fox.
Além disso, adicionou um sistema de filtragem Airdog que retira o ar do diesel, melhorando a eficiência da combustão.
E não para por aí: ele também equipou o caminhão com um sistema de monitoramento da pressão dos pneus, algo que muitos veículos modernos ainda não têm de série.
Segundo ele, esse sistema já o salvou de diversas falhas graves ao permitir parar e corrigir o problema antes que se tornasse algo catastrófico.
A modificação mais visível é o enorme para-choque dianteiro, feito para suportar impactos de animais na estrada.
Até agora, o acessório já evitou danos em quatro colisões com cervos, poupando tempo, dinheiro e dores de cabeça com consertos e paradas.
Kitzhaber não imaginava que seu “emprego temporário” se tornaria uma carreira de 33 anos e mais de 4 milhões de milhas.
Mas o laço entre ele e seu Kenworth parece inquebrável.
Um caso que prova que, com cuidado, dedicação e inteligência mecânica, é possível desafiar o tempo — e talvez até dar uma lição para as montadoras que vendem a ideia de que durabilidade é coisa do passado.
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