
Todos os pagamentos do programa federal de incentivos a veículos zero emissão no Canadá destinados à Tesla foram suspensos enquanto o governo realiza uma investigação para verificar a validade de cada solicitação.
A decisão foi anunciada pela ministra dos Transportes, Chrystia Freeland, em meio a uma onda de questionamentos sobre o volume de reembolsos solicitados pela montadora norte-americana.
Nos últimos três dias do programa Incentives for Zero-Emission Vehicles (iZEV), em janeiro, a Tesla protocolou 8.669 pedidos de reembolso, totalizando cerca de 43,2 milhões de dólares canadenses.
A avalanche de solicitações ajudou a esvaziar completamente os fundos do programa, deixando mais de 200 concessionárias credenciadas — além de outras montadoras — sem receber mais de 10 milhões de dólares em incentivos prometidos aos consumidores.

Freeland afirmou, em comunicado divulgado no dia 25 de março, que instruiu sua equipe a suspender todos os repasses à Tesla assim que assumiu a pasta, em 23 de março.
“Nenhum pagamento será realizado até termos plena confiança de que as solicitações são legítimas”, declarou.
Segundo a comissão, os valores solicitados por veículo podiam chegar a 5.000 dólares, e normalmente eram pagos dentro de um prazo de 20 dias úteis após a validação da compra.
Ainda não se sabe quantos dos milhares de pedidos apresentados pela Tesla entre 10 e 12 de janeiro já haviam sido pagos antes da suspensão.
O alerta de que os recursos do programa estavam prestes a acabar foi emitido no próprio dia 10 de janeiro. A partir daí, iniciou-se uma corrida para registrar pedidos.

A Tesla foi responsável por impressionantes 88,7% de todas as solicitações feitas naquele período de 72 horas, segundo dados do próprio governo canadense. Porém, a marca não foi a única a agir rapidamente: diversas concessionárias enviaram mais de mil pedidos nesse intervalo.
É importante destacar que essas solicitações não necessariamente representam vendas ou entregas realizadas nesse curto espaço de tempo. Os dados refletem a data em que os pedidos foram inseridos no sistema do governo — e não o momento da venda em si.
Muitas das solicitações ainda estavam em fase de processamento quando o portal de envio foi fechado, em 12 de janeiro. No dia seguinte, o governo anunciou que os recursos haviam se esgotado e que não seriam aceitos novos pedidos.
A Associação Canadense de Concessionárias de Automóveis (CADA), que representa milhares de revendedores no país, vem pressionando o governo por mais transparência.
“O que a Tesla sabia? Quando soube? Como conseguiram agir dessa forma tão atípica ao longo de um final de semana?”, questionou Huw Williams, diretor de assuntos públicos da entidade.
Transport Canada ainda não confirmou por quanto tempo a investigação irá durar, mas já deixou claro que buscará essas respostas diretamente com a Tesla.
E mesmo que o programa iZEV volte no futuro — algo incerto devido ao esgotamento de recursos, às eleições federais e à possível imposição de tarifas norte-americanas — a Tesla não poderá mais participar.
Freeland determinou que a marca seja excluída de quaisquer novos programas de incentivos enquanto as tarifas consideradas ilegais impostas pelos Estados Unidos contra o Canadá permanecerem em vigor.
Essa medida se soma a outras ações semelhantes tomadas em diferentes províncias.
Recentemente, o governo da Colúmbia Britânica também removeu os carros da Tesla de seus programas de reembolso energético, citando a proximidade do CEO Elon Musk com o ex-presidente Donald Trump.
Outras províncias, como Nova Escócia, Manitoba e Ilha do Príncipe Eduardo, seguiram o mesmo caminho.
A Tesla, até o momento, não se pronunciou sobre a suspensão dos pagamentos nem sobre a investigação canadense.

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