Com a iminente entrada em vigor das tarifas de 25% sobre veículos importados, anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump, o mercado automotivo dos Estados Unidos está em estado de alerta.

A partir de 2 de abril, os preços de carros novos e usados devem sofrer aumentos expressivos — e isso independentemente de onde o carro foi fabricado.

Em meio à turbulência econômica, um modelo discreto e já bastante conhecido pode despontar como o porto seguro dos consumidores: o Toyota Corolla.

Segundo levantamento da Reuters, apenas 16 modelos vendidos atualmente nos EUA têm preço médio abaixo dos 30 mil dólares.

E, desses, apenas um é fabricado dentro do território americano: o Toyota Corolla sedã, montado na planta de Blue Springs, no estado do Mississippi, desde sua inauguração em 2011.

Essa origem nacional pode proteger o Corolla — ao menos parcialmente — da tempestade tarifária que se aproxima.

Em comunicado divulgado recentemente, a Toyota afirmou que não pretende aumentar os preços do Corolla por conta das novas tarifas. A declaração soa como um alívio para quem busca um carro acessível, mas especialistas alertam que, na prática, a promessa pode ser difícil de cumprir.

Isso porque o impacto das tarifas não se limita apenas aos veículos prontos, mas também a peças e componentes fundamentais como motores, transmissões, sistemas elétricos e conjuntos de trem de força.

O cenário é ainda mais complexo quando se considera que praticamente nenhum carro moderno é 100% produzido em um único país. Mesmo os veículos montados nos EUA costumam depender de componentes vindos de diferentes partes do mundo.

Com isso, os custos logísticos e de produção devem subir para todas as montadoras — e, inevitavelmente, parte desse fardo será repassado ao consumidor.

De acordo com estimativas da Cox Automotive, os carros fabricados nos EUA podem ter aumento médio de US$ 3.000, enquanto os importados devem subir até US$ 6.000.

Essa previsão indica que os compradores de carros populares, que normalmente investiriam em um zero-quilômetro, poderão migrar para o mercado de seminovos.

Isso, por sua vez, aumentaria a demanda por usados e provocaria nova rodada de elevações nos preços — um efeito dominó que pode afetar o mercado como um todo.

O Toyota Corolla, por sua vez, aparece como exceção nessa maré de incertezas. Além de ser um dos modelos mais vendidos do mundo, é conhecido pela confiabilidade mecânica, custo-benefício e manutenção simples.

Esses atributos, combinados com a fabricação nacional e a promessa de manter o preço estável, podem consolidá-lo como a principal escolha entre os consumidores que buscam economia e previsibilidade.

Se as tarifas realmente entrarem em vigor da forma como foram anunciadas, o Corolla pode emergir como o último bastião dos carros acessíveis nos Estados Unidos — e possivelmente verá sua demanda crescer ainda mais nos próximos meses.

Em um momento em que tudo indica alta nos preços, ele pode ser uma das poucas certezas no horizonte incerto da indústria automotiva americana.