
Mais um capítulo polêmico envolvendo a Tesla vem à tona, agora com uma ação judicial movida por uma proprietária na Califórnia.
Segundo a denúncia, a montadora estaria inflando artificialmente a quilometragem registrada nos odômetros de seus veículos, o que, na prática, poderia reduzir suas obrigações com reparos sob garantia e acelerar a depreciação dos carros.
A ação foi protocolada por Nyree Hinton, que alega ter adquirido um Tesla Model Y 2020 em dezembro de 2022, com cerca de 36.772 milhas rodadas.
Desde então, segundo a proprietária, os registros de quilometragem exibidos pelo carro não condizem com seu uso diário real.
Ela aponta que entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, sua média diária foi de 55 milhas, mas esse número disparou para 72,5 milhas entre março e junho de 2023 — justamente quando o carro se aproximava do fim da cobertura da garantia.

“Algoritmos preditivos” em vez de medições reais
O cerne da acusação está na forma como a Tesla supostamente mede a distância percorrida.
De acordo com a denúncia, a empresa não utiliza um sistema mecânico ou eletrônico convencional para calcular a quilometragem real.
Em vez disso, adotaria uma combinação de algoritmos preditivos, métricas de consumo de energia e multiplicadores de comportamento do condutor — o que, segundo a ação, distorce os dados e apresenta um número maior do que o efetivamente rodado.
A lógica por trás dessa prática seria simples, porém preocupante: ao inflar a quilometragem, o carro atinge mais rapidamente os limites de uso estipulados em contratos de garantia ou leasing.
Isso pode obrigar o proprietário a antecipar reparos com custo próprio, adquirir extensões de garantia mais cedo ou até aceitar uma depreciação acelerada do veículo em revendas.

Diferença superior a 100% em alguns casos
A proprietária também destaca que, historicamente, seus veículos anteriores registravam em média 6 mil milhas a cada seis meses, mas o Tesla Model Y mostrou mais de 13 mil milhas no mesmo período.
O processo sugere que a diferença nos registros pode variar de 15% até absurdos 117%, a depender do modelo e das condições de uso.
Em meio à ação, surge ainda uma referência a uma patente da própria Tesla, segundo a qual os odômetros utilizam um “fator de conversão de milhas para energia elétrica”, ajustado dinamicamente com base nas condições do trânsito e da estrada — ou seja, a quilometragem exibida seria mais uma estimativa energética do que um número objetivo.
Reclamações que não são de hoje
As alegações de Hinton não são isoladas.
Em fóruns como o Reddit e o Tesla Motors Club, usuários têm compartilhado há anos relatos parecidos, questionando o aumento acelerado da quilometragem em seus veículos, mesmo com rotinas semelhantes de uso.
Embora até agora nenhum caso tenha levado a um processo de grande repercussão, essa ação pode ser o estopim para discussões mais amplas — e até investigações — sobre como a Tesla mede e apresenta a quilometragem de seus veículos.
O caso ainda está em fase inicial, mas levanta questões delicadas sobre transparência, direitos do consumidor e até possíveis implicações legais envolvendo garantias e valor de revenda.
A Tesla, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Se comprovadas, as acusações podem gerar não só prejuízos financeiros como também um abalo considerável na já controversa reputação da empresa.

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