
O sonho de comprar um carro novo está se transformando, para muitos, em um pesadelo financeiro de longo prazo.
Com os preços dos veículos novos beirando os US$ 50 mil, os consumidores dos Estados Unidos estão sendo empurrados para financiamentos cada vez mais longos — e perigosos.
Em 2025, quase 22% de todos os financiamentos feitos no país já duram sete anos. E, para espanto dos especialistas, os contratos de oito anos voltaram a aparecer no radar.
Shirria McCullough, uma assistente social da Carolina do Norte, descobriu isso da pior forma.
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Após comprar um Honda Pilot por US$ 45 mil, só percebeu que havia fechado um financiamento de sete anos após um comentário em um vídeo seu no TikTok.
“Senti um aperto no estômago”, revelou. Determinada a sair da dívida, refinanciou o carro com um prazo menor e quitou tudo em junho. “Foi uma decisão ruim do ponto de vista financeiro, mas estou aliviada por ter acabado”, desabafou.
Em tempos de inflação e juros ainda altos, muitos consumidores estão recorrendo a prazos longos para tornar a parcela mensal “pagável”. A diferença entre uma parcela de cinco anos e uma de sete pode chegar a US$ 200.
Só que essa escolha custa caro: os juros de um financiamento de 84 meses chegam a US$ 15 mil, segundo a consultoria Edmunds — US$ 4.600 a mais do que em um contrato de cinco anos.

Com isso, cresce o número de pessoas que ficam “de cabeça para baixo” no financiamento: devendo mais do que o carro realmente vale. Isso complica a troca por um novo veículo e gera prejuízos tanto para o consumidor quanto para as concessionárias, que perdem clientes de retorno rápido.
O leasing, alternativa tradicional nos EUA, voltou a ganhar espaço. É o caso de Chris Johner, pai de quatro filhos que decidiu alugar uma Ford F-150 após um desastre natural destruir seu carro antigo.
“Não queria financiar por sete anos, mas não tinha como pagar US$ 1.200 por mês”, disse. O leasing saiu por US$ 638, ainda alto, mas mais viável.
Os contratos de oito anos, que sumiram após a crise de 2009, agora ressurgem timidamente. Embora ainda representem menos de 1% do mercado, especialistas alertam que o cenário é preocupante.
“Parece que não aprendemos nada com a crise anterior”, afirma Mike Schwartz, executivo do setor automotivo.
Enquanto isso, nos bastidores, bancos, montadoras e concessionárias continuam empurrando prazos longos como “solução” — mesmo que isso custe anos de juros e insegurança financeira para milhões de motoristas.
[Fonte: Bloomberg]
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