O cenário comercial entre Estados Unidos e Canadá mudou drasticamente com a imposição de tarifas de 25% sobre veículos importados.
Depois de mais de seis décadas de livre comércio automotivo entre os dois países, a retaliação canadense às políticas de Donald Trump afetou diretamente fabricantes que dependem das linhas de montagem americanas.
Entre os modelos mais impactados está a Hyundai Santa Cruz, picape produzida exclusivamente nos EUA e agora impedida de atravessar a fronteira sem encarecer para o consumidor final.
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De acordo com a Automotive News, a marca coreana optou por segurar os exemplares destinados ao mercado canadense até que um acordo seja firmado.
A empresa não revelou números exatos, mas os reflexos já são claros: em junho, apenas 38 unidades foram vendidas no país, baseadas em estoques antigos.
A Hyundai conseguiu contornar a situação em outros modelos, transferindo a produção do Tucson para o México e importando o Santa Fe da Coreia do Sul. No entanto, a Santa Cruz continua refém da guerra tarifária.
O impacto não se restringe à Hyundai. Marcas como Mazda, Nissan e outras montadoras também reduziram drasticamente as exportações ao Canadá, com veículos como o CX-50, Pathfinder, Murano e Frontier entre os afetados.
O resultado foi uma queda brusca: as importações canadenses de veículos dos EUA despencaram para US$ 730 milhões em junho, quase metade da média mensal de 2024, e pela primeira vez em décadas ficaram abaixo das importações vindas do México.
Para a Hyundai, a crise comercial agrava um problema que já existia: o fraco desempenho de vendas da Santa Cruz.
Em 2024, a picape registrou pouco mais de 32 mil unidades nos EUA e 2.745 no Canadá, números muito distantes dos 132 mil exemplares do rival Ford Maverick no mesmo período.
E os resultados de 2025 indicam nova queda, com apenas 14.221 unidades vendidas no primeiro semestre, 21% a menos que no ano anterior.
Parte do desafio está na falta de atrativos adicionais. Enquanto o Maverick conquistou mercado com uma versão híbrida eficiente e preço inicial acessível, a Santa Cruz continua restrita ao motor 2.5 aspirado e ao turbo de 281 cv, que elevam o valor da picape acima dos US$ 40 mil.
A ausência de uma variante híbrida ou mesmo de uma opção esportiva N também limita seu alcance a novos públicos.
Com tarifas que encarecem ainda mais o modelo no Canadá e vendas já abaixo do esperado, a Hyundai enfrenta um dilema: investir na Santa Cruz para tentar torná-la competitiva ou destinar recursos a segmentos mais rentáveis.
Por ora, a picape segue estacionada na fronteira, símbolo de como a política comercial pode frear tanto a competitividade quanto a própria viabilidade de um produto.
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