CEO da Ford diz que empresa desistiu de tentar competir com Toyota e Hyundai: “Foi um erro”

A Ford está enterrando de vez uma filosofia que a guiou por mais de um século: a ideia de ser uma montadora para todos, com carros acessíveis e populares.

O que antes era um pilar estratégico — oferecer modelos pequenos e baratos para o mercado de massa — agora dá lugar a uma linha mais enxuta, focada em picapes robustas e veículos que apelam ao emocional.

O próprio CEO da Ford , Jim Farley, foi direto ao admitir que a empresa não conseguiu acompanhar os custos competitivos de rivais como Toyota, Hyundai e Kia.

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Em entrevista ao jornal argentino La Nación, Farley reconheceu que tentar ser uma montadora de linha completa foi uma tentativa válida, mas que não se sustentava financeiramente.

“Foi um momento espiritual querer ser uma fabricante de linha completa, como no tempo do Model T, mas talvez tenha sido um erro”, disse o executivo.

A virada começou nos Estados Unidos, mas segue o mesmo raciocínio em países como a Argentina e outras partes da América Latina, onde os custos e margens de lucro pressionam decisões radicais.

Segundo Farley, o desejo de oferecer carros “democráticos” não resistiu à dura realidade de uma estrutura de custos ineficiente em relação aos concorrentes asiáticos.

“Foi uma ambição linda, mas tornou o negócio quase impossível”, afirmou, ao justificar o corte de modelos como Fiesta, Focus, Fusion e Escape — este último saindo recentemente do mercado americano.

Com isso, a Ford abandonou a ideia de volume alto de vendas e passou a mirar produtos de maior valor agregado, mesmo que isso signifique vender menos unidades.

Os números comprovam essa mudança: entre 2013 e 2017, a marca vendia mais de 6,3 milhões de veículos por ano no mundo.

A partir de 2018, os volumes caíram para menos de 6 milhões, despencando para 4,2 milhões em 2020 e estabilizando entre 4,2 e 4,4 milhões nos anos seguintes.

Apesar do tombo nas vendas totais, a Ford conseguiu elevar suas receitas com produtos de apelo forte, como o Mustang GTD, o Bronco Raptor e o F-150 Raptor R.

Esses modelos, longe de serem baratos, foram projetados para gerar desejo — e margens de lucro muito superiores.

A estratégia da Ford agora é clara: menos volume, mais emoção, mais lucro.

Seja com esportivos agressivos ou SUVs aventureiros, a empresa aposta no fator emocional como principal motor de suas vendas.

A missão original de Henry Ford de “democratizar o automóvel” com o icônico Model T parece, enfim, encerrada.

A nova Ford, mais enxuta e seletiva, deixa claro que competir com carros acessíveis já não faz parte do plano.

E, segundo seu CEO, aceitar essa realidade pode ter sido o passo mais difícil — e necessário — para garantir o futuro da marca.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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