
A Honda está revisando sua estratégia para enfrentar os desafios da nova era elétrica — e uma das conclusões mais importantes da marca é que seguir sozinha pode ser um erro caro e ineficiente.
Durante uma coletiva de imprensa no Japão, o CEO da empresa, Toshihiro Mibe, foi direto ao afirmar que “não faz sentido que uma única montadora tente desenvolver tudo em software sozinha”, ao comentar os planos da fabricante para veículos definidos por software, ou SDVs.
Esse conceito, cada vez mais presente na indústria, representa uma mudança profunda: em vez de apenas componentes mecânicos, os carros do futuro serão definidos por suas linhas de código, atualizações remotas e sistemas interligados.
Mas desenvolver esse ecossistema digital do zero exige investimentos gigantescos.
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Segundo Mibe, o custo de desenvolvimento de software é altíssimo, ainda que exija menos infraestrutura física do que projetos tradicionais de hardware.
Justamente por isso, a Honda busca ampliar o número de parceiros com quem pode dividir despesas e acelerar o processo de inovação.
A experiência recente com a General Motors, que envolveu o desenvolvimento conjunto dos modelos Prologue e Acura ZDX, deixou aprendizados importantes para a marca japonesa.
O Prologue segue com seu cronograma, mas o ZDX foi recentemente descontinuado, o que reforça a percepção de que não existe uma fórmula clara de sucesso no segmento de veículos elétricos.
“É difícil encontrar uma única estratégia vencedora no setor de EVs”, afirmou o CEO, reconhecendo a complexidade do mercado atual.

Mibe citou nominalmente tanto a GM quanto a Nissan como potenciais parceiras em futuros projetos de software, mas evitou confirmar qualquer acordo concreto por enquanto.
A menção, no entanto, sinaliza uma abertura clara da Honda para parcerias estratégicas com outras montadoras — inclusive rivais — em nome da eficiência e da escala.
A ideia, segundo ele, é que a Honda busque uma posição de liderança tecnológica dentro dessas possíveis alianças. “Seria ideal se desenvolvêssemos a tecnologia e a compartilhássemos com outras montadoras”, completou.
Essa postura está alinhada com movimentos recentes de outras gigantes do setor.
O Grupo Volkswagen, por exemplo, investiu cerca de US$ 5,8 bilhões no ano passado em uma joint venture com a Rivian, startup norte-americana especializada em veículos elétricos.
O objetivo da parceria é justamente acessar a arquitetura elétrica zonal e a pilha de software desenvolvida pela Rivian — tecnologias que a Volkswagen considera cruciais para seus próximos modelos.
O esforço global para dominar o software automotivo reflete uma virada de chave na indústria.
Antes, os diferenciais estavam no desempenho, design e confiabilidade mecânica.
Agora, conforto digital, atualizações over-the-air, assistentes de condução e integração com plataformas móveis são os novos critérios de comparação — e exigem competências diferentes das que montadoras tradicionais desenvolveram ao longo do século XX.
Com isso, alianças entre fabricantes antes concorrentes diretas têm se tornado cada vez mais comuns.
Em vez de reinventar a roda, as empresas optam por dividir os custos e acelerar o acesso a tecnologias que serão padrão nos próximos anos.
Para a Honda, que já deixou claro seu compromisso com a neutralidade de carbono e pretende eletrificar grande parte de sua linha até 2040, apostar em parcerias pode ser o caminho mais seguro — e viável economicamente — para alcançar esse objetivo.
Enquanto isso, a marca seguirá analisando possíveis colaborações e tentando manter uma posição de liderança, mesmo diante de uma indústria em transformação profunda.
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