
A Nissan está em uma fase daquelas. Afundada em dívidas, com vendas em queda e uma linha de produtos envelhecida, a montadora japonesa está promovendo uma reestruturação drástica para tentar sair do buraco.
E o homem responsável por essa missão é Ivan Espinosa, novo CEO da empresa, nomeado em março de 2025.
Em entrevista concedida ao site da Bloomberg, diretamente da sede da montadora em Yokohama, Espinosa deixou claro que a empresa está em “modo emergência”.
O foco agora é acelerar o lançamento de novos modelos e cortar a burocracia interna que tem atrasado a chegada de produtos ao mercado.
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Segundo ele, o objetivo é reduzir o tempo de desenvolvimento de novos carros de mais de 50 para 37 meses — um avanço, mas ainda longe da agilidade das concorrentes chinesas como a BYD, que já conseguem lançar um modelo em apenas 24 meses.

A Nissan já começou a mostrar resultados tímidos dessa mudança. As vendas na China, por exemplo, cresceram 22% em julho, puxadas pelo sedã elétrico N7.
Já nos EUA, o cenário é outro: mesmo com o mercado em recuperação, as vendas da marca caíram, agravando ainda mais a situação financeira da montadora, que tem mais de US$ 5 bilhões em dívidas vencendo em 2026.
Como parte da sua estratégia de sobrevivência, a Nissan já cortou 20 mil empregos, fechou sete fábricas e está prestes a vender sua sede histórica em Yokohama.
O imóvel pode render cerca de ¥90 bilhões, segundo apuração da Bloomberg. Além disso, a fábrica de Oppama, considerada a “joia da coroa” da produção doméstica da Nissan, terá sua produção encerrada até março de 2028.
Mesmo sob pressão, Espinosa garante que o plano de reestruturação está dentro do cronograma.

A empresa já levantou ¥850 bilhões e deve completar mais de ¥1 trilhão em capital com vendas de ativos e novos financiamentos — incluindo um possível empréstimo de £1 bilhão com garantia do governo britânico, embora o CEO não tenha confirmado oficialmente.
Do lado dos produtos, a Nissan aposta na renovação do elétrico Leaf, que já foi símbolo de inovação, mas perdeu protagonismo para Tesla e BYD.
Também estão previstos lançamentos como a nova geração do Sentra nos EUA, uma versão híbrida plug-in do SUV Rogue em 2026 e reestilizações de modelos como o Elgrand e o compacto Kicks.
No entanto, o desafio de Espinosa é gigantesco: além de recuperar a credibilidade da marca, ele precisa convencer o consumidor de que a Nissan ainda é relevante em um mercado que muda mais rápido do que nunca.
O que antes era liderança em veículos elétricos virou um alerta para outras marcas sobre o risco de se acomodar.
Espinosa é direto: “Só temos uma forma de sair disso — sermos rápidos. E é isso que estamos tentando ser agora.” A pergunta que fica é: será rápido o suficiente para evitar um colapso maior?
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