O CEO da empresa de tecnologia de baterias GDI, Robert Antsey, propõe uma união estratégica entre Europa e Estados Unidos para competir com o domínio chinês no setor de veículos elétricos.
Antsey, cuja empresa é pioneira no desenvolvimento de ânodos de silício para baterias de íons de lítio – uma inovação que promete aumentar a autonomia e reduzir o tempo de recarga –, acredita que só com uma “OTAN das baterias” será possível equilibrar a disputa.
“Se Europa e América não fizerem nada, os chineses vão dominar toda a cadeia de suprimentos de baterias e, eventualmente, também eliminar todas as montadoras,” alerta ele.
Antsey destaca que é impossível vencer a China nos custos de produção, mas vê uma oportunidade para os fabricantes europeus ao investir em experiência do usuário e desempenho dos veículos.
Para ele, é crucial oferecer um valor agregado superior ao consumidor, com melhor performance das baterias e tecnologia de ponta, escalando esses avanços para reduzir os custos.
A GDI busca dar esse diferencial ao mercado com sua tecnologia que liga diretamente o silício ao cobre, substituindo o grafite tradicional. O CEO enfatiza o potencial do silício, que armazena mais de dez vezes a quantidade de lítio em comparação ao grafite, o que pode reduzir os tempos de recarga.
“Com o silício, você pode carregar até 500 km em 15 minutos, e isso muda totalmente a experiência do cliente com EVs,” afirma Antsey, que prevê que essa tecnologia pode alcançar a densidade energética de 1.000 Wh por litro, permitindo a produção de veículos elétricos com até 1.000 km de autonomia sem depender de combustíveis fósseis ou soluções híbridas.
As mudanças no mercado global de grafite, impulsionadas pela decisão da China de limitar suas exportações, aceleram os investimentos na tecnologia de ânodos de silício.
No entanto, essa inovação ainda enfrenta desafios de maturidade, com a maioria das montadoras mantendo o uso de apenas 9% de silício nas baterias atuais. “Todos tentam prever qual tipo de silício se tornará viável e a custos razoáveis, mas isso ainda é uma incógnita,” explica Antsey.
A segurança também é uma preocupação constante. Células de alta energia são menos seguras, o que pode limitar seu uso em veículos de alto desempenho e luxo.
Para solucionar essas questões, a GDI está eliminando componentes de grafite e nano-silício, concentrando-se em uma química de células de alta energia que priorize desempenho sem comprometer a segurança.
Atualmente, a GDI já tem acordos com fabricantes de células automotivas e fornece materiais para laboratórios de pesquisa automotiva na Europa e nos Estados Unidos, além de negociações com montadoras japonesas.
Antsey prevê que a tecnologia de baterias automotivas de silício estará disponível em larga escala até 2028, embora ainda limitada a menos de 20% de silício nos ânodos.
No entanto, para veículos de luxo e esportivos, ele aposta que a adoção de ânodos 100% de silício poderá ocorrer por volta de 2030. Em 2022, a GDI captou US$ 13,3 milhões em financiamento liderado pela EIT InnoEnergy e Helios Climate Ventures, além de apoio financeiro do governo americano.
Essa visão ambiciosa ocorre em um cenário de crescimento explosivo do mercado de EVs, com projeções de 85 milhões de veículos elétricos nas estradas até 2025, impulsionado principalmente pela China e Europa, que juntas representam 82% do mercado global.
A tecnologia de silício pode, portanto, desempenhar um papel fundamental para que o Ocidente acompanhe o ritmo da eletrificação e crie soluções adaptadas a diferentes tipos de veículos, tal como ocorre hoje com a diversidade de combustíveis.
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