
Se você é policial nos Estados Unidos, pode basicamente fazer o que quiser por tempo indeterminado.
Atirar em alguém, confiscar bens, invadir propriedades — é preciso errar feio, mas muito feio mesmo, para que algum tipo de punição aconteça.
Ainda assim, de maneira quase inacreditável, um ex-chefe de polícia de Wayne City, em Illinois, conseguiu ultrapassar esse limite com um esquema que parece saído de um filme: ele vendia motos apreendidas pela polícia para lucrar pessoalmente.
Anson Fenton foi o chefe da polícia local entre 2022 e 2023, e nesse período manteve um esquema bastante lucrativo.
Segundo comunicado do Departamento de Justiça dos EUA, Fenton pegava motocicletas apreendidas pela corporação e vendia diretamente para compradores aleatórios, embolsando o dinheiro da venda.

Em pelo menos três ocasiões diferentes, ele repetiu o golpe. Em uma delas, chegou a pilotar uma Suzuki Hayabusa confiscada até o estado da Virgínia, onde a trocou por um Ford Mustang 1991 que ele queria para uso pessoal.
Nos Estados Unidos, policiais têm poder para confiscar bens que acreditam estar ligados a crimes, mesmo sem processo judicial ou comprovação de ilegalidade.
É o que se conhece como “confisco civil”, uma ferramenta amplamente criticada por permitir apreensões arbitrárias.
A grande questão aqui é que, embora os agentes possam apreender bens, eles não têm autorização para vender esses itens e ficar com o lucro. E foi exatamente isso que Fenton fez.
Se ele tivesse vendido as motos com aprovação da corporação e revertido o dinheiro para o orçamento da polícia, tudo teria ficado “dentro da legalidade”.
Mas como se apropriou dos valores — e do Mustang — em benefício próprio, Fenton agora corre o risco de pegar até dez anos de prisão e ainda ser obrigado a pagar US$ 250 mil por cada moto vendida.
Se há uma definição para “maçã podre” dentro das forças de segurança, ela atende por esse nome.
Ainda bem que o ditado não continua com “e estraga o cesto inteiro”, porque o estrago institucional poderia ser ainda maior.

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