Segundo Andrea Scioletti, chefe do programa de veículos seminovos da Ferrari, “mais de 90% da produção total da Ferrari, que ultrapassa 300.000 carros, ainda está em circulação.”
Ele falou isso essa semana, em um evento em Maranello, onde a empresa estava mostrando a qualidade dos carros usados que entram em seu programa de cuidados especiais da Ferrari.
Em comparação com as estimativas de 80% de Toyotas com 20 anos de idade e 70% de todos os Porsche 911 ainda rodando, essa é uma afirmação impressionante.
Contudo, esse dado se torna menos surpreendente quando consideramos o significado de “em circulação”. Quantas vezes você viu uma Ferrari 599 na rua recentemente?
A Toyota fabrica cerca de 10 milhões de carros por ano, com um total acumulado de cerca de 300 milhões de veículos desde 1935. Já a Ferrari, desde 1939, produziu pouco mais de 300.000 carros. Essa diferença colossal ajuda a contextualizar a exclusividade mencionada.
Os 90% mencionados pela Ferrari representam cerca de 270.000 veículos. Diferente de um Camry, uma Ferrari é cara o suficiente para ser considerada um investimento especulativo, algo que também pode ser dito de alguns modelos Porsche, mas em menor escala.
A Ferrari controla rigorosamente sua produção para manter a exclusividade, enquanto modelos da Toyota e mesmo Porsche são comuns em muitas regiões, o que está começando a acontecer no Brasil, pelo menos em suas maiores cidades.
Por isso, ver uma Ferrari durante o trajeto diário é uma raridade.
A maioria das Ferraris não é comprada para ser um veículo de uso diário, mas sim para ser mantida como um ativo valioso. Essas máquinas são dirigidas por prazer e, para manter seu valor, os proprietários tendem a limitar a quilometragem.
De acordo com uma concessionária da Ferrari, os custos anuais de manutenção de uma Ferrari geralmente variam entre US$ 1.500 e US$ 2.000, dependendo do modelo e do ano. Mas sabemos que esses valores acabam sendo muito maiores do que isso, com o passar do tempo.
E outra: quando o valor de uma Ferrari atinge patamares muito altos, torna-se arriscado usá-lo em estradas ou pistas, fazendo com que muitos sejam transportados em caminhões para exposições e leilões. Portanto, é questionável se até metade das Ferraris são realmente usados na estrada.
A Ferrari sabe como gerenciar sua marca e mantê-la sob controle. Entre as vantagens, está a garantia de quilometragem ilimitada para novos modelos e a disponibilidade de peças para modelos antigos.
Além disso, seu programa de seminovos restaura carros usados, aproximando-os da condição original de fábrica. Essa estratégia reforça a confiança dos compradores, especialmente considerando o custo e a manutenção exigentes desses veículos.
O dado de 90% ainda é impressionante, destacando o valor que colecionadores e clientes atribuem aos modelos da Ferrari. Os 10% restantes, provavelmente, não se referem a veículos descartados, mas sim a unidades perdidas em acidentes.
Mesmo os modelos menos desejados, como a Dino ou a Mondial, ainda têm valor de mercado e atraem entusiastas.
Enquanto carros de massa, como EVs econômicos, acabam sendo reciclados e descartados, as Ferraris raramente são destruídas.
Assim, o impacto ambiental de uma Ferrari pode ser diluído ao longo de décadas de existência, tornando até um motor Colombo V12 uma opção relativamente sustentável em termos de longevidade.
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