A China acaba de mudar as regras do jogo para os carros de luxo importados.
Em uma decisão que promete balançar o mercado premium, o governo chinês implementou uma nova taxa sobre veículos com valor superior a €108 mil (aproximadamente R$ 675 mil), atingindo tanto modelos a combustão quanto elétricos.
A medida, que entra em vigor imediatamente, adiciona mais um obstáculo para marcas estrangeiras como Mercedes, Porsche, Lexus e Land Rover.
Antes da mudança, essa chamada “taxa de consumo” só era aplicada a carros com preços acima de €156 mil.
A redução do limite e a inclusão de EVs deixam clara a intenção de limitar ainda mais a presença dos importados de luxo no mercado chinês, especialmente em um momento em que as montadoras locais oferecem modelos similares por preços bem menores.
Modelos como o Mercedes EQS, o Porsche Taycan e o próprio S-Class já ultrapassam esse novo teto, sendo imediatamente afetados pela nova regra.
Para piorar, o valor da taxa é calculado com base no preço final do veículo, incluindo todos os opcionais escolhidos pelo cliente — o que pode elevar ainda mais o custo de aquisição.
Apesar de parecer um golpe direcionado, o governo chinês justifica a medida como um esforço para reduzir a circulação de carros de luxo importados e, indiretamente, estimular o consumo de modelos fabricados no país.
De acordo com a agência estatal Xinhua, trata-se de uma medida “estratégica” que mira um segmento pequeno, mas de grande valor simbólico.
Só no primeiro semestre de 2025, as vendas de carros de luxo acima de ¥1 milhão (em torno de R$ 700 mil) despencaram 48% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
E os mais atingidos foram justamente os importados de alto padrão: 48% dos modelos nessa faixa de preço foram da Mercedes, seguida por Land Rover (23%), Porsche (18%), Lexus (8%) e Bentley (3%).
Mesmo sendo uma fatia pequena das vendas totais de carros na China — que chegaram a 15,7 milhões de unidades nos primeiros seis meses do ano —, os modelos de luxo representam margens de lucro significativas para as marcas estrangeiras.
E é justamente aí que a nova taxação pode provocar maiores danos.
Especialistas, como Deng Jianquan, da Cinda Securities, avaliam que a medida não deve afastar os clientes milionários, já acostumados a pagar altos impostos de importação — que já somam 40% sobre o valor do carro, além de 15% de tarifa alfandegária.
Ainda assim, a combinação desses encargos com a nova taxa coloca os carros importados em desvantagem ainda maior frente aos modelos nacionais.
Durante o Salão de Xangai, o CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, reconheceu que a competição com montadoras chinesas no segmento de luxo está mais acirrada.
Ele afirmou que a marca seguirá apostando na estabilidade de valor residual dos seus modelos, sem entrar em guerras de preços. Mas, com o novo cenário fiscal chinês, essa estratégia poderá ser colocada à prova mais cedo do que se imaginava.
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