A tão esperada revolução nas baterias de estado sólido está mais próxima do que se imaginava — e quem lidera essa corrida é a China.
Em uma série de avanços tecnológicos divulgados nesta semana pela emissora estatal CCTV, cientistas chineses anunciaram três grandes descobertas que podem destravar de vez o potencial dessa nova geração de baterias para veículos elétricos.
Esses avanços, realizados por institutos de ponta como a Academia Chinesa de Ciências e a Universidade Tsinghua, envolvem soluções para problemas críticos que vinham travando a viabilidade comercial das baterias totalmente sólidas.
Ao contrário das baterias de íons de lítio convencionais, que utilizam eletrólito líquido, as novas usam materiais sólidos, mais seguros e com potencial de densidade energética muito superior.
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O primeiro avanço foi o desenvolvimento de uma “supercola” baseada em íons de iodo.
Atuando como guias inteligentes no interior da bateria, esses íons seguem o campo elétrico até a interface entre eletrodo e eletrólito, atraindo os íons de lítio e promovendo uma ligação mais forte entre os materiais.
O resultado: menor resistência, maior estabilidade e eficiência.
O segundo avanço, apelidado de “transformação flexível”, criou um esqueleto de eletrólito com base em polímeros altamente resistentes.
O material pode ser dobrado até 20 mil vezes e até torcido como um pano sem se romper, um feito inédito.
Além disso, seus componentes químicos internos aceleram a movimentação dos íons de lítio e aumentam a densidade energética em até 86%, segundo os pesquisadores.
O terceiro pilar tecnológico é o “reforço fluorado”, no qual materiais à base de poliéter fluorado criam uma camada de proteção sobre o eletrólito sólido.
Essa camada passou em testes extremos de penetração por agulhas e resistiu a temperaturas superiores a 120°C — um desempenho crucial para segurança em situações reais de uso.
De acordo com os cientistas, os três avanços combinados podem permitir que um pacote de bateria de apenas 100 kg ofereça até 1.000 km de autonomia — um número que pode redefinir as expectativas em torno dos veículos elétricos.
Marcas chinesas como CATL e BYD já lideram o mercado global de baterias e agora avançam para consolidar sua supremacia tecnológica.
O MG4, da SAIC MG, já foi lançado com tecnologia de bateria semi-sólida, e modelos com baterias 100% sólidas estão previstos para 2027.
Mas a China não está sozinha. Toyota promete colocar seu primeiro modelo com bateria de estado sólido no mercado entre 2027 e 2028. A Mercedes-Benz, por sua vez, já testou um EQS modificado que percorreu mais de 1.200 km com uma carga usando essa tecnologia.
Apesar da concorrência, o esforço coordenado entre governo, universidades e indústria coloca a China em vantagem.
Com domínio de 60% da produção global de terras raras e quase 90% da capacidade de refino, o país tem os recursos, o capital humano e a estrutura industrial para levar a bateria sólida da teoria à linha de montagem antes de seus rivais.
Se cumprir o que promete, a bateria sólida chinesa pode não só eliminar o “range anxiety”, como também reduzir o tempo de recarga, aumentar a vida útil das células e tornar os EVs mais acessíveis — o que, sem exagero, pode marcar o início de uma nova era na mobilidade elétrica global.
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