
A indústria automotiva está sob forte pressão depois que a China anunciou, na última semana, novas restrições à exportação de terras raras e tecnologias relacionadas, intensificando um cenário já instável e acendendo o sinal vermelho, especialmente na Europa.
A medida, segundo o Ministério do Comércio chinês, visa evitar o “uso indevido” desses materiais em aplicações militares e sensíveis, mas o impacto já se espalha para áreas civis, como veículos elétricos e componentes eletrônicos.
A Alemanha, maior economia da Europa e polo industrial de marcas como Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz, foi uma das primeiras a reagir.
A VDA, associação que representa o setor automotivo alemão, classificou as novas regras como uma ameaça direta às cadeias de produção e solicitou uma resposta “enérgica” dos governos de Berlim e Bruxelas, conforme relatou a CNBC.
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“As restrições de abril já agravaram o fornecimento de materiais críticos. As novas medidas são ainda mais abrangentes”, alertou a entidade.

A ofensiva chinesa ocorre mesmo após um acordo firmado em julho com a União Europeia para facilitar o fluxo de minerais estratégicos. Desde então, no entanto, o fornecimento tem sido irregular.
Agora, com a ampliação do cerco, o risco de desabastecimento se torna iminente — principalmente para setores altamente dependentes como baterias, semicondutores e ímãs permanentes, fundamentais para motores elétricos.
Roberto Vavassori, presidente da associação italiana ANFIA, afirmou que os estoques de segurança utilizados durante o verão europeu estão se esgotando.
“Aquele colchão de proteção não existe mais”, declarou.
Já especialistas apontam que, embora ainda existam reservas em centros logísticos estratégicos como o da Tradium, na Alemanha, o colapso pode acontecer caso as negociações com a China não avancem rapidamente.
A situação se agrava quando se leva em conta que a China detém aproximadamente 60% da produção global de terras raras e cerca de 90% da capacidade de refino desses minerais, o que a coloca em posição de controle absoluto da cadeia.
Com a demanda por tecnologias limpas e eletrificação crescendo exponencialmente, a escassez desses materiais pode gerar gargalos sérios, afetando não só a Europa, mas também Estados Unidos e outras economias em transição energética.
Nos bastidores, a medida também é interpretada como uma retaliação estratégica ao cenário de crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos, que ameaça impor tarifas de até 100% sobre produtos chineses.
Pequim, por sua vez, já declarou que “não tem medo de uma guerra comercial” e parece disposta a usar seu domínio sobre minerais críticos como trunfo geopolítico.
Com o setor automotivo tão dependente de materiais como neodímio, disprósio e outros elementos essenciais, a nova restrição de exportações da China lança uma sombra sobre os planos de expansão dos veículos elétricos e híbridos no Ocidente.
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