
A China acaba de anunciar uma medida que promete mudar o jogo para quem atua no comércio internacional de veículos elétricos: a partir de 2025, será obrigatória a obtenção de licenças específicas para exportar EVs.
A decisão foi divulgada nesta sexta-feira pelo Ministério do Comércio e visa combater a atuação de exportadores não autorizados, que têm prejudicado a imagem das montadoras chinesas em mercados estrangeiros.
A exigência já valia para veículos a gasolina e híbridos, mas agora se estende também aos elétricos.
Com a nova regra, apenas fabricantes oficialmente registrados e empresas credenciadas por eles poderão solicitar autorização para vender EVs fora do país.
Veja também
O objetivo principal é coibir a atuação de intermediários que, sem estrutura de pós-venda no exterior, enviam carros para outros mercados de forma improvisada e sem suporte técnico adequado.

Wu Songquan, diretor do centro de pesquisa do China Automotive Technology and Research Center, explicou que a falta de assistência técnica e garantia nesses mercados cria uma péssima experiência para o consumidor, afetando diretamente a reputação das marcas chinesas.
Além disso, ele alertou que essas operações paralelas alimentam guerras de preços e reduzem drasticamente as margens de lucro das montadoras legítimas.
Em artigo publicado após o anúncio, Wu ressaltou que “assim como as grandes marcas internacionais conquistaram a confiança global com qualidade, os fabricantes chineses precisam adotar padrões consistentes e oferecer exportações de alto nível em operações próprias e bem estruturadas.”
A medida também busca combater uma prática que se tornou comum desde 2019: milhares de empresas passaram a exportar veículos novos sob o rótulo de “usados”, com apoio dos governos locais chineses.
Essa manobra ajudava a absorver o excesso de oferta de veículos no mercado interno e inflava artificialmente os números do PIB em diversas províncias, segundo apurou a agência Reuters.

A situação chegou a um ponto crítico, a ponto de executivos da indústria pedirem intervenção direta do governo. Zhu Huarong, presidente da estatal Changan, usou um evento do setor em junho para criticar duramente essas exportações desreguladas, afirmando que elas “podem causar um dano colossal à reputação das marcas chinesas no exterior”.
A preocupação faz sentido. Só no ano passado, a China exportou 1,65 milhão de veículos elétricos — quase o dobro do registrado em 2022.
Esse crescimento acelerado, embora positivo em volume, tem exposto falhas no controle de qualidade e suporte em países que ainda não possuem estrutura adequada para esse tipo de produto.
Com a medida, o governo chinês sinaliza que pretende focar não apenas em quantidade, mas também em qualidade e sustentabilidade das exportações automotivas.
O recado é claro: está na hora de profissionalizar de vez a imagem dos EVs chineses no cenário global — e cortar pela raiz as práticas oportunistas que ameaçam esse avanço.
📲 Receba as notícias do Notícias Automotivas em tempo real!Entre agora em nossos canais e não perca nenhuma novidade:
✅ Canal do WhatsApp📡 Canal do Telegram
📰 Siga nosso site no Google Notícias