O avanço tecnológico no setor automotivo muitas vezes vem com promessas de eficiência e inovação, mas nem sempre os resultados entregam o que se espera — e, pior, podem comprometer a segurança.
É exatamente isso que os reguladores chineses estão questionando ao considerar a proibição das chamadas maçanetas totalmente retráteis, aquelas que ficam embutidas na carroceria e “aparecem” apenas quando acionadas eletronicamente.
Segundo informações do portal Mingjing Pro, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China está preparando uma nova regulamentação que deve banir essas maçanetas ocultas em novos veículos.
Ainda será permitido o uso de versões semi-retráteis, mas todos os carros vendidos no país precisarão contar com um mecanismo de abertura manual para emergências.
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O objetivo é claro: garantir que motoristas e passageiros possam sair do veículo mesmo em caso de falha elétrica ou acidente.
Isso porque, em testes e ocorrências reais, esse tipo de maçaneta tem se mostrado ineficaz em situações de colisão lateral — falhando em até 30% dos casos.
Além disso, há inúmeros relatos de motoristas que ficaram trancados do lado de fora dos carros após os motores das maçanetas congelarem em climas frios.
Apesar do visual futurista e dos alegados ganhos aerodinâmicos, a contribuição real das maçanetas embutidas é mínima: engenheiros calculam uma redução de apenas 0,005 a 0,01 no coeficiente de arrasto (Cd), o que se traduz em uma economia de cerca de 0,6 kWh a cada 100 km — um valor quase irrelevante, especialmente para quem carrega o carro em casa.
Por outro lado, os mecanismos necessários para esse tipo de maçaneta acrescentam entre 7 e 8 kg ao peso total do veículo, além de aumentarem os custos de manutenção e substituição.
Isso sem contar o impacto na usabilidade, já que há relatos de usuários que não conseguiram acessar seus carros em situações de emergência por falhas nesses sistemas.
A medida proposta ainda está em avaliação, mas a expectativa é que as regras finais sejam divulgadas até o fim de setembro. A entrada em vigor, porém, só ocorreria em 2027, dando tempo para as montadoras se adaptarem.
E o que isso muda fora da China? Muita coisa. Como o país é o maior mercado automotivo do mundo, as fabricantes costumam padronizar seus projetos globais com base nas exigências chinesas.
Ou seja, se a proibição for adiante, é bem provável que as maçanetas totalmente retráteis deixem de aparecer em modelos vendidos em outros mercados também.
Embora o novo regulamento ainda permita versões semi-embutidas, a tendência é que os fabricantes repensem o design de seus veículos para evitar retrabalho e garantir conformidade internacional.
No fim das contas, a decisão chinesa pode forçar a indústria a voltar a soluções mais simples e confiáveis — algo que, ironicamente, pode ser uma verdadeira evolução em tempos de tecnologia excessiva e funcionalidade duvidosa.
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