
A eletricidade está se tornando o verdadeiro ativo produtivo do século XXI, alimentando carros, robôs, data centers e modelos de inteligência artificial.
Em Shenzhen, considerada por muitos a cidade mais futurista do planeta, essa nova ordem é visível em cada esquina.
Carregadores ultrarrápidos de 1 megawatt, carros e caminhões elétricos, sistemas logísticos movidos a bateria — tudo gira em torno da energia elétrica.
Nos bastidores dessa revolução está a percepção de que, em um mundo elétrico, a própria eletricidade é a moeda mais fundamental.
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Ao contrário do dinheiro fiduciário ou das criptomoedas, o kilowatt-hora é mensurável, divisível, armazenável e, acima de tudo, diretamente conectado à capacidade de produzir bens e serviços.
Sem inflação, sem política monetária. Apenas física pura.
E ninguém parece compreender isso com tanta clareza quanto a China.
Enquanto o Ocidente discute tokens descentralizados, o governo chinês executa uma estratégia nacional centrada na eletricidade como ativo estratégico.

O país atingiu, em 2025, de acordo com o site Electrek, sua meta de 1.200 GW de capacidade renovável — cinco anos antes do previsto.
Somente em 2024, as fontes limpas representaram 56% da capacidade instalada e atenderam a 84% da nova demanda energética.
Com controle total da infraestrutura por meio da estatal State Grid Corporation of China, a China não apenas produz energia em larga escala, como também decide com precisão onde e como ela será usada.
Essa estrutura possibilita políticas de preços diferenciados: setores considerados estratégicos recebem eletricidade subsidiada, enquanto indústrias poluentes ou pouco inovadoras pagam mais caro.
Na prática, o governo “gasta” sua energia para estimular áreas como inteligência artificial e semicondutores, exigindo como contrapartida o uso de chips chineses, como os da Huawei.
Já em 2021, quando baniu completamente as criptomoedas e a mineração de Bitcoin, a justificativa oficial foi a estabilidade financeira.
Mas o motivo real pode ter sido mais profundo: proteger sua “moeda energética” de ser queimada inutilmente em blockchains que consomem muita energia sem gerar produção.
Afinal, se o kilowatt-hora é o equivalente moderno ao ouro, que sentido faz queimá-lo para minerar tokens digitais?
Essa crítica se aplica especialmente a moedas como o Bitcoin, que consomem quantidades absurdas de eletricidade para garantir segurança e escassez.
A China, por sua vez, separou a utilidade da blockchain — como sistema de registro e automação econômica — do valor especulativo das criptomoedas.
Hoje, investe pesado na BSN (Blockchain-based Service Network) e no Yuan Digital, dois pilares tecnológicos para gerenciar sua economia energética.
Esse modelo de “energia como moeda” é mais do que uma teoria; é uma prática consolidada que orienta a política industrial do país.
Ao centralizar a produção, controle e distribuição de energia elétrica, a China posiciona o kilowatt-hora como sua unidade de poder nacional.
Se os EUA moldaram o século XX com o petrodólar, a China parece determinada a liderar o século XXI com o “eletrodólar”.
E nesse novo padrão, o valor está literalmente na energia que move o mundo.
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