Se hoje em dia qualquer entusiasta de automobilismo pode montar um PC razoável e experimentar simuladores com gráficos ultrarrealistas, o cenário era bem diferente no final dos anos 90.
Naquela época, se um piloto como Rubens Barrichello quisesse treinar em casa com algo que simulasse de verdade um Ferrari, não havia muitas opções.
Foi aí que entrou a parceria entre a Ferrari e a Sega, que resultou no lendário arcade F355 Challenge — e uma dessas raridades acaba de reaparecer num leilão do site Bring a Trailer.
A máquina listada à venda é uma versão de dois jogadores, sem a alavanca de câmbio de seis marchas nem o pedal de embreagem. Mesmo assim, isso não diminui o fascínio que ela exerce sobre os fãs de automobilismo e colecionadores de games clássicos.
Em pleno funcionamento e localizada em Connecticut, a cabine já ultrapassa os 4.500 dólares em lances, e ainda faltam dois dias para o fim do leilão.
O F355 Challenge nasceu de um desejo pessoal de Yu Suzuki, criador de clássicos como Out Run. Em vez de criar mais um jogo arcade cheio de exageros e derrapagens, ele quis algo mais técnico, que exigisse habilidade real — uma proposta ousada para 1999.
O jogo reproduzia com fidelidade a dinâmica da Ferrari F355 e usava pistas reais do campeonato monomarca da marca italiana, com direito a mudanças de marcha e controle de embreagem.
Na época do lançamento, a versão mais completa da cabine vinha com três telas, pedal de embreagem, câmbio em H e até paddle shifts, o que era raríssimo nos arcades. Tudo isso era controlado por quatro placas NAOMI, cada uma dedicada a uma função — uma façanha de engenharia da Sega.
A experiência era tão imersiva que muitos profissionais do volante se interessaram, e até se fala que Barrichello cogitou comprar uma unidade.
Hoje, é claro, os simuladores evoluíram, com setups modernos custando fortunas e rodando em sistemas sofisticados com feedback preciso. Mas o charme do F355 Challenge permanece intacto.
Ele ainda exige precisão e técnica, oferecendo uma recompensa parecida com a dos jogos atuais, mesmo com sua idade avançada.
Um detalhe curioso da máquina à venda é uma mensagem gravada no encosto dos assentos, escrita pelo próprio Yu Suzuki. Ela exalta a busca por realismo e a colaboração com pilotos profissionais e com a Ferrari para criar algo que fosse mais do que um jogo — uma verdadeira simulação.
Para quem viveu a era de ouro dos arcades, é um lembrete emocional de uma época em que a fronteira entre game e simulador começou a desaparecer.
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