
No universo dos colecionadores de carros usados, é raro ver uma picape dos anos 1990 atingir valores comparáveis aos de esportivos novos.
Mas a GMC Syclone não é uma caminhonete comum.
Com produção limitada e desempenho absurdo para sua época, esse foguete sobre rodas virou um dos itens mais desejados do mercado de clássicos modernos — a ponto de unidades com baixa quilometragem já superarem os US$ 100 mil.

Lançada em 1991 como uma versão radical da compacta GMC Sonoma, a Syclone foi desenvolvida em parceria com a PAS (Production Automotive Services), a mesma responsável pelo lendário Buick GNX.
Seu motor V6 4.3 turbo com intercooler entregava 280 cv e 48 kgfm, com tração integral permanente e câmbio automático de 4 marchas. Este motor é o mesmo que equipava a Chevrolet Blazer com motor V6, no final dos anos 90 aqui no Brasil, mas sem o turbo.
O 0 a 100 km/h era feito em absurdos 4,6 segundos, mais rápido que muitos Ferraris da época, como o 348ts — um feito destacado na época pela revista Car and Driver.

Com apenas 2.995 unidades produzidas, a Syclone é uma joia rara. Os preços refletem isso. Um exemplar com apenas 250 milhas rodadas foi vendido por US$ 108 mil em 2022.
Em 2024, modelos com menos de 10 mil milhas foram negociados por até US$ 91 mil. Até mesmo versões mais rodadas, com cerca de 70 mil milhas, ainda superam os US$ 30 mil.
O que explica essa valorização absurda? Além da raridade, a Syclone marcou época ao combinar desempenho brutal com a carroceria de uma picape.

Enquanto caminhonetes eram vistas como veículos utilitários, ela surgia com suspensão rebaixada, rodas esportivas, tração nas quatro rodas e um motor turbinado com componentes forjados, turbo Mitsubishi e intercooler Garrett — tudo pensado para acelerar, não carregar carga.
Para efeito de comparação, a Chevrolet Corvette C8, novo esportivo da GM com motor central e 495 cv, acelera de 0 a 100 km/h em apenas 2,8 segundos. É mais rápida, mais moderna e custa a partir de US$ 70 mil.
Mas mesmo com menos da metade da potência e performance inferior, a Syclone ainda atrai colecionadores dispostos a pagar mais — tudo por sua exclusividade, herança de desempenho e carisma que não se encontra nos carros atuais.

No fim das contas, a Syclone é a prova viva de que carro icônico não precisa ser bonito, nem veloz, nem novo.
Basta ter uma boa história, uma proposta ousada e um lugar cativo na memória de quem viveu a era de ouro dos esportivos americanos.
E nesse quesito, poucas picapes têm um currículo tão inusitado e impressionante quanto essa GMC que deixou muita Ferrari para trás — e hoje custa tanto quanto uma Corvette novinha em folha.


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