Com gasolina a R$ 10 o litro, país da América do Sul tem explosão de EVs muito mais rápida do que países vizinhos

uruguai rua
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Uma verdadeira revolução silenciosa está em curso no Uruguai, onde carros elétricos estão tomando as ruas com uma velocidade que surpreende até os mercados mais maduros da América Latina.

Enquanto os tradicionais motores a combustão ainda dominam o cenário regional, modelos chineses como os da BYD invadiram as avenidas de Montevidéu e já são presença marcante nas praias badaladas de Punta del Este.

Dados da associação automotiva uruguaia (Acau) revelam que veículos elétricos a bateria já representam 27,7% dos carros e SUVs novos vendidos até outubro deste ano.

A marca mais do que dobrou a participação em apenas um ano e coloca o Uruguai muito à frente de vizinhos como Brasil, Chile e Colômbia, onde o índice ainda é de um dígito.

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O país conseguiu alcançar esse patamar graças a uma combinação de fatores econômicos e estruturais bastante específicos.

Entre os principais atrativos está a isenção total do imposto de importação de 23% para EVs, além da dispensa de uma taxa seletiva elevada que incide sobre veículos a combustão.

O preço da gasolina, que gira em torno de R$ 39 por galão (cerca de R$ 10,30 por litro), também contribui para empurrar os consumidores para alternativas mais econômicas.

Outro fator decisivo tem sido a expansão da rede de pontos de recarga, que já cobre boa parte do território nacional, favorecendo o uso dos elétricos mesmo fora das grandes cidades.

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Esse avanço dos EVs representa uma guinada em um mercado historicamente dominado por marcas norte-americanas, europeias e japonesas como Ford, Fiat e Toyota.

Embora ainda mantenham grande presença, essas montadoras tradicionais agora enfrentam concorrência real de fabricantes chineses que oferecem preços agressivos.

Cerca de 90% dos mais de 11 mil carros elétricos vendidos no Uruguai este ano vieram de marcas da China como BYD, JAC e Omoda.

O BYD Seagull, nosso Dolphin Mini, por exemplo, custa menos de R$ 100 mil no país e compete diretamente com hatches compactos a gasolina.

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A estratégia chinesa de oferecer modelos acessíveis para uma população sensível a preços mudou o jogo, segundo especialistas do setor.

A consultoria Bloomberg NEF estima que os EVs e híbridos plug-in devem atingir 8% das vendas na América Latina em 2025, saltando de apenas 2% em 2023.

Para Rafael Rabioglio, que lidera a área latino-americana da Bloomberg NEF, o Uruguai se tornou um exemplo para países menores que não pretendem fabricar EVs, mas querem acelerar a adoção.

Casos como o de Maria Clara Sole ilustram a mudança: ela e o marido compraram um BYD Yuan Pro por cerca de R$ 160 mil após conversar com outros donos na vizinhança.

Com o carro elétrico, a família economiza até R$ 2 mil por mês ao recarregar em casa, em vez de abastecer no posto.

Apesar disso, ainda mantêm um SUV a gasolina para viagens mais longas, já que a infraestrutura ainda é limitada.

Além dos modelos chineses, marcas premium também encontram espaço no Uruguai, mesmo sem presença oficial.

A Tesla, por exemplo, já vendeu mais de 150 unidades no país desde 2020, número muito superior ao da Argentina, que tem dez vezes mais habitantes.

Só a concessionária AutoImport, perto de Punta del Este, vendeu 40 Teslas este ano e projeta 60 para 2026, mesmo com o modelo mais barato partindo de R$ 300 mil.

Parte desses veículos chega via importações particulares, como no caso de uruguaios que retornam do exterior e podem trazer um carro livre de impostos.

O engenheiro Martin Canabal trouxe seu Tesla Model 3 dos Estados Unidos após uma jornada de carro de Alaska até o sul da Argentina antes de se instalar em Punta del Este.

Hoje, ele participa de um grupo informal de donos de Tesla que trocam dicas de manutenção nas redes sociais, aproveitando oficinas especializadas que já atuam no país.

Outro entusiasta é Nicolas Jodal, ex-sócio da empresa de software vendida à Globant, que comprou seu segundo Model X em 2023.

Para ele, o sistema de direção autônoma da Tesla ainda está anos à frente da concorrência, inclusive da própria BYD.

Jodal afirma gastar menos de R$ 12 por mês para rodar com seu elétrico e não vê mais sentido em investir em veículos com motor a combustão.

Aos poucos, o pequeno Uruguai vai deixando para trás velhos paradigmas automotivos e pavimentando o caminho para um futuro cada vez mais elétrico.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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