
Depois de um crescimento meteórico que culminou com a superação da Tesla em vendas globais de carros elétricos em 2024, a BYD está enfrentando sua fase mais turbulenta desde 2020.
A marca chinesa, que dominou o mercado com apoio estatal, expansão internacional agressiva e guerra de preços, agora precisa lidar com um cenário doméstico mais desafiador — e um mercado que mudou as regras do jogo.
Desde maio, o governo chinês vem intervindo diretamente na disputa por preços entre montadoras, proibindo descontos extremos e exigindo práticas comerciais mais sustentáveis.
Para a BYD, essa medida afetou em cheio sua principal estratégia: vender muito com margens reduzidas.
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O resultado já aparece nos números. No terceiro trimestre de 2025, a empresa teve sua primeira queda anual nas vendas desde 2020, com recuo de 1,8%.
Mais grave ainda, o lucro líquido da companhia caiu 33% no período — a segunda queda consecutiva, após um tombo de 30% no segundo trimestre.
Diante do novo cenário, a empresa reduziu sua meta de vendas para o ano: de 5,5 milhões de veículos para 4,6 milhões.
O impacto negativo se reflete também no mercado financeiro. Desde o pico de valorização em maio, quando sua capitalização de mercado chegou a US$ 175 bilhões, as ações da BYD já perderam mais de US$ 45 bilhões em valor, o equivalente a R$ 240 bilhões.

Em setembro, a empresa perdeu o posto de maior vendedora da China para a estatal SAIC Motor.
E, no mesmo mês, o bilionário Warren Buffett — um dos principais investidores da marca — encerrou sua posição na empresa, o que fez os papéis da BYD caírem mais 7% em apenas três dias.
Ainda assim, a marca segue forte no exterior. As vendas no Reino Unido, por exemplo, cresceram 880% em setembro, tornando o país seu maior mercado fora da China.
Mas internamente, BYD sofre para renovar seu público. Com uma linha de modelos atual que deve ser substituída apenas em 2026, a empresa tenta escoar estoques antigos em meio ao avanço de rivais como Geely, Leapmotor e até a estreante Xiaomi.

Além disso, um novo aperto regulatório impõe pressão adicional ao caixa da empresa: o governo exige que montadoras paguem seus fornecedores em até 60 dias — um contraste drástico com os 275 dias que a BYD costumava levar em 2023.
A empresa ainda tem vantagem competitiva ao produzir suas próprias baterias e chips, evitando problemas de cadeia logística que afetam concorrentes.
Porém, enfrenta resistência crescente em mercados como Europa e México, que estudam restringir importações de EVs chineses — isso sem falar no bloqueio quase total aos modelos da marca nos EUA por conta de tarifas e restrições tecnológicas.
Fundada em 1995 como fabricante de baterias, a BYD entrou no setor automotivo em 2003 e decolou a partir de 2016 com reforços internacionais na equipe de design.
Aliando estilo moderno, preços até 25% mais baixos que os de rivais ocidentais e forte apoio governamental, a marca virou sinônimo da revolução elétrica chinesa.
Hoje, seu portfólio vai de hatches populares de R$ 50 mil até superesportivos elétricos de R$ 1,2 milhão.
Mas, mesmo com esse alcance, a BYD precisa provar que consegue se manter no topo em um cenário menos favorável — e mais competitivo do que nunca.
O mercado espera que 2026, com a chegada de uma nova geração de modelos e possíveis avanços tecnológicos, seja o ponto de virada.
Até lá, a montadora chinesa terá que se reinventar sem abrir mão da velocidade que a levou ao topo.
[Fonte: Bloomberg]
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