
A BYD, maior fabricante chinesa de veículos elétricos, vive um momento turbulento.
Após atingir valor recorde no mercado há apenas quatro meses, suas ações listadas em Hong Kong caíram mais de 30%, representando uma perda de cerca de US$ 45 bilhões em valor de mercado.
O motivo principal é a desconfiança crescente dos investidores em relação à estratégia da empresa de usar descontos agressivos para manter participação de mercado.
Esse modelo de guerra de preços trouxe consequências imediatas. No segundo trimestre, o lucro da companhia despencou 30%, a primeira queda em mais de três anos.
Veja também
O resultado acendeu o alerta, já que a política de descontos não só pressiona margens, como também entrou no radar do governo chinês, que considera esse movimento prejudicial para a imagem internacional da indústria local.
A própria BYD foi obrigada a revisar suas metas. A projeção inicial de 5,5 milhões de unidades para 2024 caiu para 4,6 milhões, mas, para alcançar o novo número, ainda precisa entregar 1,7 milhão de carros em apenas quatro meses.
O desafio é grande, principalmente diante de uma linha de produtos que analistas já classificam como envelhecida.
Enquanto rivais como Geely e Leapmotor atraem compradores com lançamentos recentes e propostas inovadoras, a BYD adiou suas novidades para o início de 2026.
O atraso, segundo especialistas, pode custar caro no curto prazo, embora as novas gerações de veículos — com sistemas de condução semiautônoma God’s Eye, baterias mais avançadas e maior autonomia nos híbridos plug-in — sejam vistas como fundamentais para recuperar relevância.
Apesar das dificuldades domésticas, a marca mantém um bom desempenho internacional. Relatórios indicam que, em 2025, suas vendas externas podem chegar a 1 milhão de unidades, superando a meta inicial de 800 mil.
A expansão é sustentada pela abertura de fábricas fora da China e pelo lançamento de modelos adaptados a diferentes mercados.
No mercado financeiro, há sinais contraditórios. De um lado, cresce o número de recomendações de venda, no nível mais alto desde 2022.
Do outro, a ação está sendo negociada a 17 vezes o lucro estimado, abaixo da média de 20 vezes nos últimos três anos, o que atrai investidores em busca de valorização futura.
O consenso entre analistas é claro: a BYD precisa mudar a percepção do mercado. Mais do que ser uma fabricante eficiente e de grande escala, deve se reposicionar como líder em tecnologia e inovação.
Caso consiga, poderá transformar a pressão atual em oportunidade de revalorização, mesmo com margens comprimidas no curto prazo.
📲 Receba as notícias do Notícias Automotivas em tempo real!Entre agora em nossos canais e não perca nenhuma novidade:
✅ Canal do WhatsApp📡 Canal do Telegram
📰 Siga nosso site no Google Notícias