Com vendas despencando em todos os mercados, a Tesla volta suas atenções para a Arábia Saudita

tesla arabia saudita
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A Tesla está prestes a entrar oficialmente no mercado da Arábia Saudita, com o início das vendas programado para abril, marcando o fim de um longo período de tensões entre a montadora e o reino do Golfo.

Segundo comunicado publicado no site da empresa , a estreia no maior mercado automotivo da região acontece após anos de afastamento causados por um impasse envolvendo Elon Musk e o fundo soberano saudita, o PIF (Public Investment Fund).

A entrada da Tesla no país ocorre em um cenário onde os veículos elétricos ainda são raros: segundo um relatório de 2024 da PwC, eles representam apenas 1% das vendas de automóveis na Arábia Saudita.

Ainda assim, marcas como a chinesa BYD e a americana Lucid — esta última com participação majoritária do PIF — já atuam por lá, embora enfrentem um mercado dominado por carros grandes e beberrões, abastecidos por um combustível extremamente barato e com pouca infraestrutura de recarga.

O lançamento oficial da Tesla está marcado para o dia 10 de abril, com um evento em Riad que promete exibir os modelos elétricos da marca, soluções de energia solar e até apresentações do robô humanoide Optimus e do conceito de mobilidade autônoma Cybercab.

No dia seguinte, pop-up stores serão abertas em Riad, Jidá e Dammam. A empresa também anunciou que revelará seus planos de investimento no país nas próximas semanas, com ações previstas para 2025 em diante.

A aproximação marca uma reviravolta nas relações entre Musk e o governo saudita. Em 2018, o bilionário gerou polêmica ao afirmar no X (antigo Twitter) que tinha “financiamento garantido” para tornar a Tesla uma empresa privada, após uma reunião com representantes do PIF.

A proposta nunca se concretizou, gerando um processo judicial e expondo mensagens tensas entre Musk e o presidente do fundo, Yasir al-Rumayyan. Em uma delas, Musk chegou a acusar o executivo de “jogá-lo debaixo do ônibus”.

O clima começou a mudar no final de 2023, com Musk surgindo ao lado de Rumayyan e do ex-presidente Donald Trump em um evento de UFC em Nova York. Pouco antes, o CEO da Tesla havia feito uma aparição surpresa, por vídeo, na conferência Future Investment Initiative, realizada em Riad.

A reaproximação entre Musk, o governo saudita e Trump parece ser estratégica.

Trump, que assumiu novamente um papel de destaque na política norte-americana, já sinalizou que pretende visitar a Arábia Saudita em sua primeira viagem internacional como presidente reeleito, após pedir ao reino que invista mais de US$ 1 trilhão na economia dos EUA ao longo de quatro anos.

Mesmo com esse novo impulso no Golfo, a Tesla enfrenta turbulências em outras regiões. As vendas de EVs da marca na Europa despencaram 42,6% no acumulado do ano, com analistas atribuindo parte da queda à associação pública de Musk com políticos da extrema-direita.

Nos Estados Unidos, o CEO também é alvo de protestos em função do seu comando no recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, responsável por cortes severos em programas públicos, congelamento de verbas internacionais e demissões em massa.

Com o mercado global em transformação e as tensões geopolíticas influenciando decisões corporativas, a entrada da Tesla na Arábia Saudita mostra que, no tabuleiro do setor automotivo, política, tecnologia e negócios caminham cada vez mais lado a lado.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.