A Nissan está prestes a dar um dos passos mais drásticos de sua história recente.
Segundo fontes próximas à montadora, a empresa japonesa considera fechar ao menos duas fábricas em território nacional — entre elas a icônica planta de Oppama, inaugurada em 1961 — além de unidades produtivas no exterior, incluindo fábricas na África do Sul, Índia, Argentina e até um enxugamento da operação no México.
O movimento faz parte de uma reestruturação agressiva anunciada nesta semana pelo novo CEO, Ivan Espinosa.
A mudança de rumo marca o fim da política de expansão de seu antecessor, Makoto Uchida, e inicia uma fase de retração global.
O plano prevê uma redução drástica no número de fábricas, que passariam de 17 para apenas 10, além do corte de 15% da força de trabalho global.
Para uma montadora que chegou a produzir mais de 5,5 milhões de carros por ano no passado, a queda para 3,3 milhões de unidades no ano fiscal de 2024 representa um sinal claro de alerta.
No Japão, a possível desativação das plantas de Oppama e Shonan causaria enorme impacto social e simbólico.
Oppama foi o berço de produção do Leaf, o primeiro EV de massa do mundo, e empregava quase 4 mil trabalhadores até outubro passado.
Já a planta de Shonan, especializada em vans comerciais, conta com 1.200 empregados e capacidade para 150 mil unidades anuais.
A Nissan, em nota oficial, classificou os relatos como especulativos e não baseados em decisões confirmadas. “Neste momento, não forneceremos mais comentários sobre o assunto”, disse a empresa, prometendo transparência quando houver novidades oficiais.
No exterior, a marca também sinaliza um forte recuo. O encerramento da produção na Índia ganhou força após a Renault anunciar que comprará a fatia da Nissan na joint venture Renault Nissan Automotive India Private Ltd (RNAIPL).
Na América Latina, a fábrica da Argentina deve ser centralizada no complexo mexicano de Civac, onde já são montadas a Frontier e a Navara.
Se confirmado, esse enxugamento global representará o maior reposicionamento estratégico da Nissan desde o fechamento da fábrica de Murayama, em 2001.
Restariam apenas três plantas no Japão — Tochigi, Nissan Motor Kyushu e Nissan Shatai Kyushu — consideradas suficientes para abastecer o mercado interno e manter o mínimo de exportação.
A nova fase da Nissan sinaliza que a montadora, uma das pioneiras na eletrificação de veículos, está tentando sobreviver num mercado que mudou drasticamente desde seu auge.
Mas, ao cortar raízes históricas e demitir milhares de pessoas, ela pode estar perdendo mais do que fábricas: corre o risco de apagar parte significativa de sua identidade.
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