No auge da crise financeira que abalou a indústria automotiva em 2009, a Chrysler enfrentava um cenário desafiador.
Em pouco mais de um mês, tanto ela quanto a General Motors recorreram à falência como forma de sobreviver.
Para a Chrysler, o momento coincidiu ainda com o fim da parceria com a Daimler e com negociações para se unir à Fiat, que acabaria assumindo parte do controle da empresa.
Foi nesse contexto turbulento que surgiu uma das decisões mais importantes para o futuro da fabricante americana: separar a marca Ram da Dodge.
A ideia por trás da divisão era simples, mas estratégica.
Ao longo dos anos, Dodge e Ram vinham sendo tratadas como uma só, com a Dodge responsável pela produção da linha de picapes Ram.
Mas os tempos mudavam, e havia uma necessidade urgente de definir melhor a identidade de cada marca.
A Dodge seguiria com seu foco em veículos mais esportivos, enquanto a nova Ram se dedicaria exclusivamente ao segmento de picapes e vans — incluindo veículos comerciais pesados.
Para comandar essa nova fase, a Chrysler apostou em lideranças distintas. Fred Diaz Jr., com mais de duas décadas de experiência na divisão de caminhonetes da Dodge, assumiu como CEO da Ram.
Já a Dodge ficou sob o comando de Ralph Gilles, renomado designer responsável pelo aclamado Chrysler 300.
A ideia era que cada marca tivesse um líder comprometido com sua visão específica, garantindo autonomia e foco nas respectivas metas.
Essa separação permitiu que ambas as marcas se reposicionassem no mercado e atendessem melhor seus públicos.
O consumidor de uma Ram 3500 usada para rebocar equipamentos em uma obra tem necessidades completamente diferentes do fã de muscle cars que deseja um Dodge Challenger Hellcat.
Com estratégias próprias, as duas conseguiram se destacar.
Os resultados logo apareceram. Apenas cinco anos após a separação, a Ram praticamente dobrou sua participação no mercado de picapes de grande porte.
Ao mesmo tempo, a Dodge viu suas vendas saltarem 41% entre 2009 e 2014, graças ao lançamento de modelos renovados e à consolidação de sua imagem esportiva.
A Ram 1500, totalmente redesenhada em 2009, se tornou um símbolo de sucesso e ganhou prêmios de revistas como Consumer Reports e Car and Driver, destacando-se pelo conforto, refinamento e desempenho.
Hoje, a Ram é vista como uma marca referência entre as picapes. Além da tradicional linha 1500, que conta com versões de luxo como a Tungsten e esportivas como a RHO, a marca também investe em vans com os modelos ProMaster e ProMaster EV.
Em 2026, chega ao mercado sua primeira picape 100% elétrica, a Ram 1500 REV. E, após anos de espera, a Ram promete finalmente entrar no segmento de picapes médias para enfrentar modelos como a Toyota Tacoma.
A decisão de dividir Dodge e Ram foi tomada em um dos momentos mais difíceis da história da indústria automotiva americana.
No entanto, passados 15 anos, é possível dizer que essa separação foi não apenas acertada, mas fundamental para o reposicionamento de duas marcas que hoje ocupam papéis distintos, bem definidos e extremamente relevantes no mercado.
[Fonte: Jalopnik]
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