
As ações da Tesla passaram por uma montanha-russa impressionante, mas agora parecem estar completando um retorno ao ponto de partida.
O otimismo inicial dos investidores, impulsionado pela proximidade do CEO Elon Musk com o ex-presidente Donald Trump, transformou a montadora em uma das grandes vencedoras do mercado após as eleições de 2024.
No entanto, esse entusiasmo não foi suficiente para compensar as crescentes preocupações com o negócio principal da Tesla: a venda de carros elétricos.
Na última semana, as ações da empresa caíram 0,3%, fechando a US$ 262,67 em 7 de março, praticamente apagando os US$ 700 bilhões em valor de mercado que havia ganhado desde novembro.
Essa queda reflete uma série de problemas que têm abalado a confiança dos investidores nas últimas semanas, desde a queda nas vendas – o primeiro recuo em uma década – até a perda de participação da Tesla na Europa e na China.
Além disso, há um crescente temor de que o envolvimento político de Musk esteja desviando sua atenção do comando da empresa.
“O mercado apostou que a Tesla se beneficiaria do engajamento político de Musk, mas essa estratégia não funcionou”, disse Adam Sarhan, fundador da 50 Park Investments. “Os investidores se empolgaram demais com essa ideia, e agora estão voltando à realidade.”
O cenário macroeconômico também tem jogado contra a Tesla. A euforia especulativa que impulsionou o mercado após as eleições foi substituída por preocupações com a política comercial dos EUA e o crescimento econômico global.
O S&P 500 já caiu mais de 7% em relação ao seu pico, enquanto o Nasdaq 100 entrou em território de correção.
Os analistas também estão reduzindo suas projeções para a Tesla.
Na semana passada, John Murphy, do Bank of America, cortou sua estimativa de preço-alvo para as ações de US$ 490 para US$ 380, citando preocupações com a desaceleração das vendas, a falta de novidades sobre um modelo mais acessível e riscos associados ao lançamento do serviço de robotáxis da empresa.
Por outro lado, alguns analistas técnicos acreditam que a forte queda nas ações deixou a Tesla em uma zona de “venda excessiva”, o que pode abrir espaço para uma recuperação de curto prazo.
Fatores como sinais de melhora nas vendas, atualizações sobre o robotáxi ou um retorno do apetite por risco nos mercados poderiam impulsionar uma alta temporária.
Ainda assim, qualquer recuperação enfrentará um obstáculo considerável: o alto valor das ações da Tesla em relação aos seus lucros. A empresa negocia atualmente a 88 vezes seu lucro projetado, enquanto o índice S&P 500 tem uma média de 21 vezes.
“O índice preço/lucro da Tesla ainda está muito próximo de 90”, destacou Matt Maley, estrategista-chefe da Miller Tabak + Co. “As ações continuam extremamente caras.”
A Tesla agora precisa mostrar que pode reverter a tendência de queda em suas vendas e recuperar sua vantagem competitiva, especialmente diante do crescimento agressivo das montadoras chinesas e da perda de participação de mercado.
Caso contrário, a pressão sobre suas ações pode continuar, à medida que os investidores começam a buscar oportunidades mais seguras e menos voláteis no setor automotivo.

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