Uma revolução silenciosa está acontecendo nas fábricas de automóveis, e ela atende pelo nome de Gigacasting.
A ideia pode parecer simples: em vez de montar centenas de peças pequenas soldadas entre si, uma gigantesca máquina injeta alumínio fundido em moldes para criar uma única peça gigante.
Mas essa mudança está transformando completamente a forma como os carros são feitos — especialmente os elétricos.
A Tesla foi a primeira a apostar alto nessa tecnologia, comprando as enormes Giga Presses da italiana Idra Group, criadas pelos engenheiros Fiorenzo Dioni e Richard Oberle, que foram premiados por essa invenção na Europa em 2024.
A marca americana estreou o processo no Model Y e conseguiu reduzir de 171 para apenas duas peças na estrutura traseira do carro, eliminando 1.600 pontos de solda.
O resultado foi uma queda de 40% no custo de produção desse modelo em comparação ao Model 3.
Essa tecnologia é especialmente vantajosa para veículos elétricos, pois permite carros mais leves e baratos. O impacto pode chegar até o bolso do consumidor, com EVs mais acessíveis no futuro.
Mas há um lado sombrio: quanto mais automação, menos empregos. Em algumas fábricas, até os robôs foram dispensados, já que o Gigacasting substitui processos que antes exigiam braços mecânicos para montar diversas peças.
A Tesla chegou a planejar um modelo ainda mais barato, apelidado informalmente de Model 2, que seria quase totalmente produzido via Gigacasting.
No entanto, pressões financeiras fizeram a marca suspender o projeto e desacelerar a expansão dessa tecnologia. Mesmo assim, o movimento está longe de parar.
Na China, marcas como NIO, Geely e XPeng já colocaram veículos com peças feitas por Gigacasting no mercado. Outras gigantes como Ford, GM, Toyota, Hyundai, Volvo, Polestar e Nissan já compraram ou planejam investir em Giga Presses.
A Nissan, por exemplo, estima economizar mais de US$ 1 bilhão no desenvolvimento de cinco novos modelos usando a técnica.
Com esse cenário, a dúvida que paira no setor automotivo é se o Gigacasting se tornará o novo padrão.
Se as promessas de economia e agilidade se concretizarem, é possível que boa parte dos futuros carros — principalmente elétricos — seja moldada em poucas peças gigantescas, em vez de montada peça por peça como há mais de um século.
Para as montadoras, é uma revolução industrial; para os trabalhadores, um alerta vermelho; para os consumidores, uma possível chance de ter um carro elétrico com preço mais acessível.
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