A dura realidade da competição entre fabricantes chinesas de carros elétricos começa a dar sinais claros na Tailândia, maior mercado da Ásia para esses veículos fora da China.
Uma das primeiras marcas a chegar ao país, a Neta, está enfrentando dificuldades financeiras e operacionais que colocam em risco seus planos de produção local, enquanto vê sua participação de mercado derreter diante do domínio absoluto da BYD.
Desde que chegou em 2022, a Neta apostou forte no mercado tailandês, tentando se consolidar como uma alternativa acessível. Mas o cenário mudou rapidamente.
A queda nas vendas e o aperto no crédito levaram a fabricante a falhar no cumprimento das exigências do programa de incentivos do governo, que exige a produção local equivalente ao volume importado.
Em 2024, a Neta não conseguiu atingir essa meta, o que levou o governo a suspender repasses financeiros à montadora.
Com dificuldades para arcar com compromissos com concessionárias locais, a marca já acumula reclamações e processos judiciais. Um grupo de 18 revendedores pede o pagamento de mais de 200 milhões de bahts, valor correspondente a dívidas com suporte à infraestrutura e pós-venda.
Proprietários de carros da marca também começaram a relatar problemas de manutenção e ausência de assistência adequada.
A situação piorou após a controladora da Neta, a Zhejiang Hozon New Energy, entrar em processo de falência na China.
Isso acendeu o alerta entre autoridades tailandesas e empresários locais, que veem o episódio como um possível reflexo da instabilidade entre as marcas de menor porte no competitivo setor de EVs chinês.
Apesar da promessa inicial de transformar 30% da produção automotiva tailandesa em veículos elétricos até 2030, o caso da Neta pode frear o entusiasmo com os novos investimentos estrangeiros.
O governo, por sua vez, reforça que o problema é específico da empresa e que o compromisso com o desenvolvimento da indústria de EVs segue firme.
Com mais de 70% do mercado de elétricos nas mãos das marcas chinesas, a Tailândia virou um campo de batalha onde apenas os fabricantes com grande escala e robustez financeira conseguem sobreviver.
Em 2023, a Neta chegou a ter 12% do mercado, mas em 2025 esse número caiu para apenas 4%. Enquanto isso, a BYD segue liderando com folga, apoiada por preços agressivos e uma rede consolidada.
Analistas alertam que a guerra de preços promovida por marcas chinesas no exterior pode ser insustentável para aquelas que não têm estrutura global.
E, em meio à instabilidade, consumidores e revendedores tailandeses perdem a confiança e colocam em dúvida o futuro de algumas dessas promissoras novas marcas.
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