
O dono de um Mercedes-Benz GLK em São Paulo teve uma surpresa que ultrapassa qualquer noção de absurdo: o conserto do SUV foi orçado em inacreditáveis R$ 596.000, valor quase seis vezes maior que o preço de mercado do veículo, avaliado pela Tabela Fipe em R$ 107.000.
O caso aconteceu em uma concessionária da Vila Mariana, na capital paulista, e veio à tona após ser divulgado pelo perfil @consultingcars no Instagram.
Segundo a publicação, o orçamento foi compartilhado por uma pessoa próxima ao caso, que não quis se identificar, assim como o próprio proprietário do carro. A nota de serviço ainda incluiu um “desconto” de R$ 4.933,83, o que praticamente soa como ironia diante do valor total.
A origem do problema está em um defeito grave no motor 2.2 turbodiesel do GLK 2014: um dos bicos injetores travou aberto, permitindo a passagem descontrolada de óleo diesel em estado líquido, o que destruiu as bielas dos quatro cilindros e chegou a rachar o bloco do motor.

Para o engenheiro automotivo Renato Passos, especialista em motores a diesel, os danos relatados são, de fato, catastróficos e justificam a proposta da concessionária de trocar o motor e o cabeçote por unidades novas.
O grande problema está no preço dessas peças, especialmente pela dificuldade em encontrar o propulsor OM 651 específico do GLK.

Renato acredita que o motor zero-quilômetro, provavelmente vindo da Alemanha ou dos Estados Unidos, está sendo cotado sem o reaproveitamento de componentes periféricos, como alternador, motor de arranque e bombas.
Embora o OM 651 seja parente próximo do OM 651 LA, amplamente utilizado nas vans Sprinter, a substituição por esse motor exigiria um bom conhecimento técnico e ferramentas específicas, uma vez que há diferenças em injetores, turbocompressores e na central eletrônica.

Ainda assim, soluções mais acessíveis existem. O UOL Carros encontrou em São Paulo revendedores oferecendo o mesmo motor usado, retirado de veículos sinistrados, por R$ 35.000, com direito a três meses de garantia e documentação regularizada.
Segundo o engenheiro, adaptações como essa são comuns na indústria automotiva, desde que feitas por profissionais capacitados e com atenção à segurança. O trabalho é mais complexo, mas o custo é muito menor do que o orçamento apresentado pela concessionária.
Modelos como o GLK a diesel são apreciados por entusiastas de veículos menos comuns, mas episódios como esse servem de alerta: em carros fora de linha e com componentes raros, uma simples ida à oficina pode rapidamente virar uma dor de cabeça milionária.


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