A Ford está sendo processada por duas concessionárias de Nova York que alegam ter recebido reembolsos muito abaixo do devido por reparos em carros elétricos, especificamente substituições completas de baterias de veículos da marca.
O processo, movido na Justiça Federal dos Estados Unidos, pode ser o primeiro de uma série de ações semelhantes contra montadoras que, segundo os advogados, vêm negligenciando obrigações legais de reembolso previstas em leis estaduais.
As concessionárias Jericho Turnpike Auto Sales e Patchogue 112 Motors afirmam que a Ford desrespeitou as regras locais de compensação por serviços de garantia, ao aplicar valores fixos e irrisórios em vez de cobrir os custos reais dos reparos.
De acordo com o processo, a Jericho Turnpike realizou 15 substituições de baterias em EVs da Ford desde o início de 2024.
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Em 13 desses casos, a montadora teria pago apenas US$ 600 por unidade, quando o valor correto seria de aproximadamente US$ 22.600 cada — o que deixaria um prejuízo de US$ 286.200, quase R$ 1,5 milhão.
Nos dois reparos restantes, o reembolso foi maior, de US$ 13.000 por bateria, mas ainda abaixo do custo total declarado pela oficina.
A Patchogue 112 Motors relatou o mesmo padrão: apenas US$ 600 pagos por cada troca completa de bateria, quando o serviço também deveria ser compensado com cerca de US$ 22.600 por unidade.
No centro da disputa está a forma como as montadoras remuneram concessionárias por serviços de garantia e contratos de manutenção estendidos.
Segundo a legislação estadual de Nova York, os fabricantes são obrigados a pagar pelos serviços de garantia com base nos mesmos valores que as concessionárias cobrariam de clientes comuns, incluindo uma margem de 40% sobre peças e um adicional de 70% a até 200% sobre o custo da mão de obra.
A ação judicial alega que a Ford ignorou completamente esses parâmetros legais.
O advogado Leonard Bellavia, que representa as duas revendas, afirmou que o caso da Ford não é isolado.
Seu escritório já está movendo processos semelhantes contra outras montadoras em vários estados, todos relacionados a falhas no cumprimento das obrigações de pagamento por serviços de garantia.
O cenário expõe um novo ponto de tensão entre fabricantes e concessionárias, agora no contexto da eletrificação da frota.
Com a complexidade e o alto custo dos reparos em veículos elétricos, especialmente no caso de trocas de baterias, a questão de quem paga a conta passou a ser mais sensível do que nunca.
Se consolidada como ação coletiva, a acusação contra a Ford pode abrir um precedente com impacto direto sobre como as montadoras lidam com suas redes autorizadas e as promessas feitas aos clientes no momento da compra.
Enquanto isso, a Ford ainda não comentou publicamente o processo.
A disputa, no entanto, coloca em xeque a sustentabilidade financeira da manutenção de EVs na rede de concessionárias e a real disposição das montadoras em assumir os custos que a transição elétrica demanda.
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