Conflito de interesse: DOGE, de Elon Musk, despede membros da NHTSA, órgão que regula os avanços da direção autônoma

elon musk 1
elon musk 1

A recente onda de demissões promovida pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado por Elon Musk, reacendeu debates sobre possíveis conflitos de interesse envolvendo o bilionário e sua montadora, a Tesla.

O episódio ganhou destaque após a revelação de que ao menos 30 funcionários da Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias (NHTSA) foram desligados em fevereiro — com uma concentração significativa na divisão que fiscaliza tecnologias de direção autônoma.

Essa divisão da NHTSA, responsável justamente por regular o avanço dos sistemas de condução autônoma nos Estados Unidos, foi criada em 2023 e ainda contava com muitos servidores em período probatório, o que facilitou a decisão de desligamento sob alegação de “baixo desempenho”.

No entanto, o momento e o foco das demissões geraram desconforto e suspeitas no setor, especialmente considerando que a Tesla é uma das empresas mais pressionadas por essa área regulatória.

Atualmente, a NHTSA conduz oito investigações ativas sobre incidentes envolvendo carros da Tesla, incluindo questões relacionadas ao seu controverso sistema de assistência à condução Full Self-Driving (FSD).

Elon Musk tem sido vocal em suas críticas à burocracia federal e tem insistido que a Tesla está prestes a lançar milhões de robotáxis — um plano que, evidentemente, se tornaria mais viável caso houvesse menos barreiras regulatórias no caminho.

Fontes ouvidas pelo Financial Times indicam que os cortes atingiram de maneira desproporcional o time responsável pela segurança dos veículos autônomos, enfraquecendo a capacidade do órgão justamente no momento em que o setor mais precisa de diretrizes claras.

Um gerente da própria Tesla, em condição de anonimato, reconheceu o risco: “Deixar o DOGE demitir profissionais da divisão de autônomos é uma loucura. O que deveríamos estar fazendo é pressionar por mais contratações na NHTSA, não o contrário”.

Ex-funcionários da agência também apontam para o risco ético de permitir que alguém com interesses comerciais diretos tenha influência sobre decisões internas de um órgão regulador.

“Há um conflito de interesses evidente ao deixar que alguém como Musk tenha influência sobre nomeações e políticas justamente na agência que fiscaliza seus produtos”, comentou um ex-integrante da NHTSA.

Apesar de representar apenas 4% do total de servidores do órgão, o corte já é visto como estratégico por críticos da Tesla.

Eles temem que a redução de pessoal enfraqueça a vigilância sobre sistemas autônomos e crie uma espécie de “carta branca” para que Musk avance com seus planos sem o devido controle técnico e legal.

Enquanto isso, a Tesla segue sob escrutínio por parte de governos e autoridades em diversos países, incluindo o Canadá, que recentemente congelou subsídios para a empresa após acusações de práticas comerciais questionáveis.

O cenário aumenta a pressão para que a atuação do DOGE seja revista e que a independência das agências reguladoras norte-americanas seja garantida, sobretudo em áreas tão sensíveis quanto a segurança no trânsito.


google news2
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!
.

O que você achou disso?

Toque nas estrelas!

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



noticias
Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.