O crescimento das vendas de carros na China perdeu fôlego em julho, reflexo da queda na procura por híbridos e de medidas do governo para conter a guerra de preços que vinha desgastando o setor.
Segundo a Associação Chinesa de Carros de Passageiros (CPCA), foram vendidos 1,85 milhão de veículos no mês, alta de 6,9% sobre julho de 2024, mas bem abaixo dos 18,6% registrados em junho.
No segmento de novos veículos de energia — que inclui elétricos puros e híbridos plug-in — o ritmo também diminuiu.
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O avanço foi de 12% em julho, contra 29,7% no mês anterior, mas ainda assim as vendas superaram as de modelos a gasolina pelo quinto mês consecutivo.
Já os híbridos plug-in e de autonomia estendida recuaram 3,6% em relação ao ano passado, em um cenário em que avanços nas baterias e na infraestrutura de recarga vêm reduzindo a ansiedade de autonomia dos consumidores e favorecendo os EVs puros.
Essa mudança de preferência beneficiou marcas como Leapmotor, Xiaomi e Xpeng, que alcançaram recordes de vendas no mês. Por outro lado, empresas que dependem fortemente dos híbridos, como BYD e Li Auto, sentiram o impacto.
A BYD viu suas vendas domésticas caírem 12% no comparativo anual, acumulando três meses seguidos de queda, e sua fatia no mercado chinês de novos veículos de energia recuou de 35,4% para 27,8% em um ano.
Apesar do desempenho fraco na China, a líder nacional em elétricos e principal rival local da Tesla compensou parte da perda com exportações, que já representam mais de 20% de suas vendas globais.
Esse impulso no exterior fez as entregas totais subirem levemente, embora a produção tenha caído pela primeira vez em 17 meses.
A Li Auto, conhecida por seus híbridos de autonomia estendida e uma das poucas montadoras chinesas a registrar lucro anual, sofreu ainda mais: queda de 40% nas vendas em julho.
Para reverter o quadro, a empresa renovou sua linha de SUVs elétricos, oferecendo especificações premium a preços competitivos.
As dificuldades do setor refletem o esforço de Pequim em reduzir a concorrência excessiva e o excesso de capacidade produtiva que vêm alimentando cortes de preços agressivos.
O governo já sinalizou que vai adotar medidas para estabilizar o crescimento automotivo e de outros setores estratégicos.
Enquanto isso, as exportações seguem como ponto positivo: cresceram 25% em julho, acima dos 23,8% de junho.
Diante desse cenário, a CPCA elevou suas projeções para vendas e exportações no ano, citando desempenho doméstico e internacional melhor do que o previsto.
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