
O setor automotivo chinês, que por anos foi sustentado por generosos subsídios do governo, começa a dar sinais claros de esgotamento.
A BYD, maior montadora do país e símbolo do avanço chinês no mercado, registrou queda nos lucros pela primeira vez em mais de três anos, escancarando um problema que vinha sendo mascarado pelo volume artificial de vendas.
Os números não mentem: julho marcou o terceiro mês consecutivo de retração nas vendas da empresa, comprometendo a meta ambiciosa de 5,5 milhões de unidades para 2025.
A previsão agora é de um rombo superior a 1 milhão de carros em relação ao que havia sido prometido ao mercado doméstico.
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A raiz do problema é simples: existem mais carros do que consumidores dispostos a comprá-los. A abundância de veículos a preços competitivos, fruto dos subsídios, levou a uma saturação que fez concessionárias ficarem entulhadas de estoque.

O cenário, que já preocupava no fim de 2024, parece ter piorado drasticamente nos últimos meses.
Curiosamente, a crise não atinge apenas os modelos elétricos, como muitos poderiam imaginar.
Uma parte significativa do excedente é composta por veículos com motores a combustão, que encontram saída em mercados alternativos como Rússia, Ásia Central e Oriente Médio, conforme já havia sido apontado pela Reuters.
Esse despejo de carros no exterior, no entanto, não resolve a questão estrutural do excesso de produção doméstica.
Pelo contrário, expõe uma estratégia arriscada de tentar mascarar a falta de compradores internos exportando veículos para regiões menos exigentes em qualidade e emissões.

A pressão financeira já começa a aparecer de outras formas.
A BYD e outras montadoras chinesas assinaram recentemente um compromisso público para manter em dia os pagamentos a fornecedores, evidenciando que a engrenagem da cadeia produtiva já sente o risco de inadimplência.
Para analistas, esse é um sinal de alerta de que a crise pode se aprofundar.
Especialistas afirmam que a dependência quase cega de subsídios distorceu o mercado a ponto de torná-lo artificialmente inchado.
Agora, sem crescimento real de demanda, a indústria precisa lidar com o fantasma de margens de lucro cada vez mais estreitas e consumidores que já não respondem aos estímulos de preço.
O futuro imediato da indústria chinesa ainda é incerto, mas a situação atual deixa claro que a estratégia de Pequim tem limites.
Se antes o mundo olhava com temor para o poderio automotivo do gigante asiático, hoje a pergunta é se o modelo de crescimento adotado conseguirá sobreviver à própria saturação que ele criou.
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