
A indústria automotiva europeia segue patinando, e a Bosch acaba de dar um passo duro para tentar se manter de pé.
A gigante alemã anunciou que irá eliminar cerca de 13 mil empregos no setor de autopeças até o fim da década, um corte profundo que atinge em cheio a base histórica da empresa na região de Stuttgart, no sul da Alemanha.
O motivo? Queda na demanda, concorrência agressiva da China e custos de produção cada vez mais altos em território europeu.
O plano de reestruturação da Bosch prevê a redução de cerca de 3% da força de trabalho global, afetando principalmente as unidades localizadas na Alemanha.
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Mesmo após cortar milhares de vagas nos últimos anos, a divisão de mobilidade da empresa continua acumulando prejuízos anuais da ordem de 2,5 bilhões de euros.
Em outras palavras, a conta não fecha, e o alerta vermelho já foi acionado há algum tempo.

O contexto econômico não ajuda.
O mercado europeu segue morno, enquanto a pressão para baixar preços aumenta, tanto por parte das montadoras quanto pelos concorrentes chineses, que oferecem componentes eletrônicos, baterias e motores a preços mais baixos.
Para fabricantes tradicionais como a Bosch, isso significa margens mais apertadas e capacidade ociosa nas fábricas — uma combinação perigosa.
O cenário geopolítico também entra na equação. Tarifas comerciais, guerra na Ucrânia e alta nos preços da energia criaram uma tempestade perfeita para a indústria alemã, que já enfrenta desafios demográficos e pressão por modernização.
Empresas como Volkswagen e Porsche estão seguindo o mesmo caminho da Bosch, cortando pessoal e reduzindo produção para tentar equilibrar as contas.
Em locais emblemáticos como Feuerbach e Schwieberdingen, os cortes serão severos.
A primeira, que abriga a produção de componentes a diesel e recebeu investimentos em tecnologia de hidrogênio, perderá cerca de 3.500 postos.
Já a segunda terá cerca de 1.750 vagas extintas, resultado direto da demanda fraca e do ritmo lento na adoção de novas tecnologias.
Outras cidades também sentirão os impactos. Em Waiblingen, a Bosch decidiu encerrar até 2028 uma planta com 560 funcionários dedicada à produção de conectores para a indústria automotiva.
Em Bühl, um polo de motores elétricos de pequeno porte, o corte previsto é de 1.550 empregos. Homburg, onde ainda predominam as peças para caminhões a diesel, também será afetada com a eliminação de cerca de 1.250 vagas.
Apesar da gravidade dos cortes, a Bosch afirma que está dialogando com os representantes dos trabalhadores e busca soluções consideradas socialmente responsáveis.
Mas a direção da empresa deixou claro que não há tempo a perder se quiser manter a competitividade diante da nova realidade do setor.
Segundo a própria Bosch, a Alemanha continuará sendo um pilar estratégico. No entanto, o discurso dos executivos deixa evidente que eficiência e adaptação rápida são as únicas saídas viáveis em um mercado global cada vez mais impiedoso.
A reestruturação é, portanto, menos uma escolha e mais uma questão de sobrevivência para um dos nomes mais tradicionais da indústria automotiva mundial.
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