
O que era para ser o símbolo máximo da ousadia da Tesla está virando um problema logístico de grandes proporções.
Com vendas muito abaixo do esperado, preço bem acima do prometido e um público cada vez mais reticente, a picape elétrica Cybertruck agora amarga estoques encalhados e uma desaceleração significativa na linha de produção.
Apesar de Elon Musk ter alardeado mais de 1 milhão de reservas para a Cybertruck quando o modelo foi revelado, apenas cerca de 50 mil unidades foram efetivamente entregues até março deste ano.
Isso representa não só um abismo entre expectativa e realidade, mas também um problema prático: caminhonetes demais, compradores de menos.

Segundo informações divulgadas pelo site Business Insider, a Tesla reduziu pela metade a equipe responsável pela produção da Cybertruck em sua fábrica no Texas.
A reportagem, baseada no relato de funcionários da marca, revela que os cortes vêm acontecendo desde dezembro de 2024.
Parte dos operários foi transferida para a linha do Model Y, cuja demanda continua sólida. Um dos colaboradores afirma que o clima na fábrica é de esvaziamento: “O estacionamento está cada vez mais vazio”.
Essa movimentação se alinha ao que já vinha sendo observado nos bastidores: a Tesla está usando o próprio Cybertruck como vitrine para promover outros modelos.

Em campanhas recentes, a picape tem aparecido rebocando o Model Y, como uma espécie de outdoor ambulante para atrair olhares para o SUV — este sim, com apelo comercial mais forte no momento.
Na tentativa de dar um novo fôlego à picape, a Tesla lançou recentemente uma versão de entrada com tração traseira, mas o preço salgado de quase 70 mil dólares frustra quem esperava algo mais próximo dos US$ 39.990 originalmente prometidos por Musk.
Nem mesmo essa “configuração básica” conseguiu se livrar do estigma de ser cara demais para o que entrega.
Além disso, o Cybertruck tem enfrentado um certo ranço público, com relatos de vandalismo direcionado ao modelo e uma crescente rejeição visual ao seu design ousado.

Em um mercado onde a concorrência em picapes elétricas está cada vez mais acirrada, a Tesla pode estar pagando o preço por priorizar a estética provocativa em vez da funcionalidade tradicional que muitos consumidores ainda valorizam.
Com os ajustes de produção em andamento e o foco voltando aos modelos mais acessíveis, como o próprio Model Y, resta saber se a Tesla conseguirá reverter a maré desfavorável do Cybertruck ou se ele se tornará mais um capítulo controverso na história da marca.

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